Investigadores analisaram as partículas de fuligem que constituem os contrails — os famigerados rastos brancos dos aviões. Os resultados são surpreendentes: contribuem para mais de metade do impacto climático total da aviação.
A formação destas “nuvens” brancas que acompanham os aviões no seu voo envolve um processo em camadas, misturando gases de escape quentes com a atmosfera superior fria, explica a Space.
O estudo, publicado em setembro na Environmental Science & Technology, foi levado a cabo pela Universidade de Albany e conduzido por Fangqun Yu.
Os autores do estudo descobriram que, em vez de se dissiparem no espaço, estas nuvens retêm o calor, e por isso constituem mais de 50% do impacto ambiental dos aviões.
Os investigadores estudaram o processo de formação dos rastos, analisando o papel das partículas não voláteis (fuligem) e das partículas voláteis.
“Sabe-se que as partículas de fuligem, formadas durante a combustão do combustível nos motores dos aviões, dominam a formação das partículas de gelo dos rastos”, explicou Yu à Earth.
“À medida que a indústria da aviação avança para combustíveis sustentáveis e novas tecnologias de motores, as emissões de fuligem estão a ser significativamente reduzidas e as partículas voláteis formadas nas plumas de escape do motor (após a emissão) tornam-se importantes para analisar”.
É assim que o investigador justifica o estudo, que quer encontrar soluções para uma aviação mais sustentável, num momento em que os aviões são responsáveis por cerca de 2,5% da emissão total de CO2 no planeta.
O que é novidade é outra coisa: “A nossa investigação indica que as partículas voláteis podem contribuir para o número de partículas de gelo num rasto de fumo a níveis médios de emissões de fuligem e de temperaturas médias no ar, alargando o leque de condições em que estas partículas se tornam um fator“, disse.
E como se reduzem estes rastos? Os combustíveis de aviação sustentáveis (SAFs), fabricados a partir de fontes renováveis, produzem menos partículas de fuligem durante a combustão e têm potencial para reduzir estas nuvens que retêm o calor.
Ainda assim, para que os SAFs sejam aplicados com efeito, explicam os investigadores, estes terão de ser adotados em em massa — por todo o setor da aviação.