Bombeiros portugueses numa situação “insustentável”

(dr) Bombeiros Voluntários de Viseu

De mais de 41 mil bombeiros voluntários para 31 mil, 20 anos depois. Mas há outro problema nas associações de bombeiros.

Portugal tem perdido muitos bombeiros ao longo das últimas duas décadas. Cerca de 25% dos bombeiros desistiram.

Em 2004 havia mais de 41.500 bombeiros e em 2022 os números da Pordata apresentam 31 mil – e chegaram a ser 26 mil entre 2020 e 2021. Menos 10 mil, em quase 20 anos.

O Diário de Notícias destaca essa contabilidade numa fase de alertas sobre o Verão quente que se aproxima e que pode ser marcado por falta de meios para combater incêndios rurais.

Na semana passada, Marco Martins, presidente da Comissão Distrital de Protecção Civil do Porto e da Câmara Municipal de Gondomar (e bombeiro), avisou que faltam recursos humanos. O principal problema é a falta de “massa humana nos bombeiros”, cita o Jornal de Notícias.

O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, António Nunes, diz que a situação actual é insustentável.

“É insustentável do ponto de vista de que, cada vez mais, nós temos dificuldade em garantir, em permanência, um número de bombeiros efectivos que garantam uma capacidade de resposta ao nível que nós queremos, que devemos dar sempre em situações de emergência”.

“As nossas dificuldades muitas vezes têm a ver com o dia-a-dia porque, nas grandes emergências, quando ocorrem acidentes graves, catástrofes ou calamidades a legislação protege o bombeiro voluntário. A dificuldade aparece, muitas das vezes, no pequeno incidente e no dia-a-dia”, descreveu António Nunes, na rádio TSF.

A Liga dos Bombeiros já apresentou propostas ao Ministério da Administração Interna e espera que o Orçamento do Estado para 2025 já tenha alguma novidade sobre o assunto.

A Liga propõe isenção de IRS nas deslocações dos voluntários ou bonificações no acesso ao Ensino Superior, entre outras medidas – sendo que é importante ter um estatuto social do bombeiro voluntário, comentou o presidente.

E há outro problema: faltam dirigentes associativos. “Hoje começa a haver falta de dirigentes nas associações e, por isso, temos que promover o estatuto do dirigente associativo, senão as pessoas não vão”, analisou António Nunes no Diário de Notícias.

O voluntariado é outro entrave: “É uma dificuldade que tem a ver, não só com a demografia, mas também com uma questão económica”.

ZAP //

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