Durante a Guerra Fria, a Grã-Bretanha desenvolveu uma das armas mais invulgares para impedir uma invasão soviética da Europa Ocidental: uma mina terrestre nuclear com… galinhas vivas como parte do mecanismo de detonação.
O projeto, chamado Blue Peacock (em português, Pavão Azul) destinava-se a ser utilizada na planície do Norte da Alemanha, uma rota crítica para um potencial avanço soviético, de acordo com o Popular Mechanics.
As forças da NATO, incluindo o Exército Britânico, encontravam-se em muito menor número do que os seus adversários do Pacto de Varsóvia. Em caso de guerra, a estratégia da aliança previa a retirada sob pressão e a tentativa de enfraquecer as forças soviéticas em avanço.
Para reforçar as suas capacidades defensivas, os aliados ocidentais desenvolveram foguetes nucleares, projéteis de artilharia e, no caso da Grã-Bretanha, minas terrestres atómicas.
Estas minas seriam enterradas ao longo de eventuais caminhos de invasão, preparadas para detonar dias mais tarde, quando o exército soviético estabelecesse depósitos de abastecimento e centros de comando por cima delas.
A resultante explosão nuclear de dez quilotoneladas perturbaria gravemente as forças inimigas, dando tempo precioso à NATO.
A mina poderia ser detonada através de um temporizador de 8 dias, controlo remoto ou mecanismos de deteção de adulteração. Uma das propostas mais bizarras envolvia a utilização de galinhas para gerar calor e manter a eletrónica da mina operacional em condições de frio.
A ideia era que as galinhas, fechadas dentro da bomba com um fornecimento limitado de alimentos, pereceriam ao fim de oito dias, acionando o dispositivo.
Embora o design arrepiante do Blue Peacock refletisse os altos riscos do impasse geopolítico, o projeto nunca passou da fase de planeamento. As preocupações com as consequências ambientais e políticas da detonação de minas nucleares em território aliado contribuíram para o seu cancelamento.
Hoje em dia, o Blue Peacock é recordado como uma anedótica relíquia peculiar da ingenuidade da Guerra Fria — prova de que, mesmo na prossecução de objetivos mortalmente sérios, as ideias absurdas podem entrar no planeamento militar.