Bolsonaro avisa que Supremo Tribunal não “irá decidir o destino” do Brasil

palaciodoplanalto / Flickr

Jair Bolsonaro, Presidente do Brasil

“Um ou dois” juízes do Supremo Tribunal “não irão decidir o destino” do país, vaticinou o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro.

O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, disse este sábado que “um ou dois” juízes do Supremo Tribunal “não irão decidir o destino” do país, numa referência à crise institucional causada pela sua campanha para desacreditar o atual sistema eleitoral eletrónico.

Faremos tudo pela nossa liberdade, por eleições limpas, democráticas. Eleição fora disso que eu falei não é eleição. Há mais de um ano tenho advertido que temos que ter eleições limpas no Brasil. Não continuem nos provocando, não queiram nos ameaçar. Quem está com Deus e com o povo tem o poder” afirmou, citado pela CNN Brasil, o chefe de Estado brasileiro, num discurso perante centenas de apoiantes em Florianópolis.

“Um ou dois juízes do Supremo Tribunal Federal não vão decidir o destino de uma nação. Quem foi votado, quem tem legitimidade, para além do Presidente, é o Congresso Nacional”, acrescentou Bolsonaro, citado pela agência EFE.

A afirmação de Bolsonaro tem como referências implícitas os juízes Luís Roberto Barroso, também presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e Alexandre de Moraes, membro do TSE.

O tribunal eleitoral abriu na segunda-feira uma investigação contra o chefe de Estado na sequência de constantes ataques, nunca fundamentados, de Bolsonaro ao sistema de votação eletrónica, em funcionamento desde 1996, que, na sua opinião, permitem a “fraude” eleitoral.

Em paralelo, Moraes incluiu Bolsonaro na lista de arguidos num processo em curso no Supremo Tribunal desde 2019, relativo à divulgação em redes sociais de notícias falsas contra as instituições democráticas.

Não obstante a pressão dos juízes, Bolsonaro regressou às críticas às autoridades eleitorais, sugerindo que querem favorecer o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) nas eleições presidenciais previstas para 2022.

“Aqueles que não querem a recontagem podem ser tudo menos democratas. E quem não é um democrata não tem lugar no nosso Brasil”, afirmou Jair Bolsonaro.

“Não pensem que o ladrão de nove dedos e seus amigos é que vão contar os votos dentro de uma sala secreta”, acrescentou, o Presidente, citado pelo portal eletrónico UOL, numa referência ao facto de Lula da Silva ter perdido um dedo e a uma investigação nunca concluída a uma eventual fraude eletrónica nas eleições de 2018, negada pela Associação de Peritos Criminais da Polícia Federal.

Eu tenho limites. Alguns acham que são os donos do mundo. Vão quebrar a cara. Não continuem nos provocando, não queiram nos magoar”, ameaçou Bolsonaro.

De acordo com as últimas sondagens, Lula é o favorito à vitória nas presidenciais do próximo ano, à frente de Bolsonaro, cuja popularidade tem caído nos últimos meses por efeito das crises económica e sanitária.

// Lusa

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