As Forças Armadas brasileiras conquistaram muito poder sob a presidência de Jair Bolsonaro e estão preparadas para mantê-lo, independentemente de quem vença as próximas eleições.
Jair Bolsonaro é ele próprio um capitão reformado que serviu nos grupos de artilharia de campanha e paraquedismo do Exército Brasileiro. Não é de estranhar que, como Presidente brasileiro, tenha privilegiado os militares que bem conhece e acarinha. O próprio exército tem sido também uma forte falange de apoio ao longo da sua presidência.
Bolsonaro nomeou oficiais militares para importantes cargos civis — milhares a mais do que qualquer presidente eleito democraticamente na história moderna —, oferecendo responsabilidade por grande parte do orçamento federal e controlo sobre o Governo.
Em 2018, 72 candidatos militares e policiais foram eleitos para cargos estaduais e federais. Dois anos depois, mais 859 ocupam cargos municipais.
O The Intercept escreve que “os militares usaram a presidência de Bolsonaro como um veículo para recuperar o poder político de forma mais subtil do que no passado”.
Embora Bolsonaro e os militares cultivem a imagem de que são imunes à corrupção dos políticos civis que há décadas atormenta os brasileiros, a realidade tem-se revelado bastante diferente.
Alguns daqueles que foram escolhidos a dedo por Bolsonaro mostraram estar no cerne de escândalos, como o da compra de vacinas, no ano passado.
O Governo brasileiro fechou um acordo para a compra de 20 milhões de vacinas da Covaxin por um valor cerca de dez vezes superior ao que fora inicialmente negociado. O acordo foi intermediado por uma empresa nacional e a vacina em causa é desenvolvida pelo laboratório indiano Bharat Biotech.
À medida que se aproximam as eleições presidenciais no Brasil, Jair Bolsonaro tem vindo a perder pontos. Os generais estão bem cientes da sua perda de popularidade e estão a precaver-se para garantir que os seus novos poderes persistem, independentemente de quem saia vencedor das urnas.
No final do seu mandato, Bolsonaro terá alocado 4,4 mil milhões de euros para as Forças Armadas e polícia brasileiras. Uma soma elevada se tivermos em consideração o orçamento limitado a cerca de 16,7 mil milhões de euros, segundo as contas do jornal Estadão.
Nos últimos três anos, as Forças Armadas foram poupadas dos cortes orçamentais, reformas e congelamento de salários que afetaram os ministérios civis e a força de trabalho pública do Brasil.
Mais de 83% do orçamento das Forças Armadas vai para salários e benefícios, a maioria dos quais paga amplas pensões e benefícios de reforma.
“Muitos analistas têm levantado a possibilidade de que algo semelhante ao estado profundo dos EUA esteja a ser estabelecido no Brasil. Aquele quadro em que não importa se democratas ou republicanos estão no comando, algumas coisas permanecem iguais”, disse Ana Penido, investigadora de Defesa da Universidade Estadual Paulista, em declarações ao The Intercept.
Bolsonaro pôs o general Augusto Heleno na liderança do Gabinete de Segurança Institucional. Os poderes da agência foram alargados, podendo esta agora reunir inteligência mais politizada e de maior alcance e colocar espiões da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) em ministérios importantes.
“É um projeto mais obscuro a ser construído durante o governo Bolsonaro, que teria a capacidade de continuar a influenciar o poder independentemente de quem vencesse as eleições”, disse Penido.
Piero Leirner, professor de antropologia que passou a sua carreira a estudar o exército, acredita que os militares mantiveram tanto acesso ao poder sob Bolsonaro que poderão ser capazes de assumir o poder, vença quem vencer.
Convém relembrar que o Bolsonaro foi um militar fracassado e que acabou expulso do Exército Brasileiro há mais de 30 anos!!
E não é difícil perceber porquê…
A preparação para o golpe militar está aí.
Esse Bozonaro vai recusar perder as eleições e tornar-se o tirano que alguns brasileiros querem!