O Presidente brasileiro nomeou, esta quinta-feira, o professor Carlos Alberto Decotelli da Silva para ministro da Educação, sucedendo no cargo a Abraham Weintraub, que saiu do Governo na semana passada.
O anúncio foi feito pelo próprio chefe de Estado, Jair Bolsonaro, no Facebook, onde partilhou uma fotografia sua ao lado do novo responsável pela pasta da Educação.
“Informo a nomeação do Professor Carlos Alberto Decotelli da Silva para o cargo de Ministro da Educação. Decotelli é bacaharel em Ciências Económicas pela UERJ [Universidade do Estado do Rio de Janeiro], mestre pela FGV [Fundação Getulio Vargas], doutor pela Universidade de Rosário, Argentina e Pós-Doutor pela Universidade de Wuppertal, na Alemanha”, escreveu o mandatário.
Decotelli da Silva substituiu, assim, Abraham Weintraub, que se demitiu do cargo ministerial na última quinta-feira, após várias polémicas que marcaram a sua gestão.
Ao longo do tempo em que integrou o Governo de Bolsonaro, Weintraub acumulou desavenças com reitores de universidades, estudantes e parlamentares, após ter decretado duros cortes na Educação, assim como causou problemas diplomáticos com a China e Israel. Mais recentemente, entrou em conflito com juízes do Supremo Tribunal federal (TSF), ao defender a prisão dos magistrados.
Weintraub deve agora assumir uma cargo na representação brasileira na direção do Banco Mundial, com sede em Washington, nos Estados Unidos.
Bolsonaro defende pacificação entre diferentes poderes
Esta quinta-feira, o Presidente disse ainda que a paz e o entendimento entre os três poderes do país – executivo, judiciário e legislativo – trarão “melhores dias” ao país.
“O nosso entendimento é que pode sinalizar que teremos dias melhores para o nosso país”, disse Bolsonaro num evento realizado na sede do Governo, em Brasília, após referir-se ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, o presidente da câmara alta do Congresso, Davi Alcolumbre, e presidente da Câmara baixa parlamentar, Rodrigo Maia.
A declaração aconteceu durante um ato realizado no Palácio do Planalto assistido por políticos e também por Toffoli. A declaração de Bolsonaro destoou do tom usado frequentemente nos últimos meses ao referir-se aos chefes dos outros poderes.
“Deputados, senadores, membros do Supremo Tribunal, principalmente com paz, tranquilidade, todos conhecendo nossa responsabilidade, é que podemos levar o Brasil para o local onde [o país] deveria estar”, acrescentou o Presidente brasileiro.
Até há algumas semanas, o chefe de Estado brasileiro participava, frequentemente, em manifestações organizadas pelos seus apoiantes que pediam o fecho do Congresso e do STF para instaurar um regime militar.
Essas manifestações, consideradas antidemocráticas, geraram indignação no Congresso e levaram o Ministério Público Federal e o STF a prender e investigar alguns dos organizadores dos atos e ativistas de grupos de extrema-direita que apoiam o Governo.
Bolsonaro, que criticou essas investigações, pareceu mais contido nesta quinta-feira e pediu “paz e tranquilidade” diante do “momento difícil” pelo qual o país está passando, embora não tenha esclarecido a que tipo de problemas se referia.
O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo número de infetados e de mortos (mais de 1,1 milhões de casos e 53.830 óbitos), depois dos Estados Unidos.
O país também tem sofrido com a grave crise económica causada pela pandemia e a crescente crise política, agravada pelas divergências que Bolsonaro mantém com os outros dois poderes do Estado.
Da mesma forma, essas turbulências são alimentadas por investigações judiciais que afetam especialmente um dos três filhos do Presidente brasileiro, Flávio Bolsonaro, suspeito de estar envolvido num esquema de desvio de dinheiro público quando era deputado estadual no Rio de Janeiro.
ZAP // Lusa