Bolsonaro diz que Brasil entrará na OCDE dentro de “um ano e pouco”

Esta quinta-feira, o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, disse que o país entrará na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) dentro de “um ano e pouco”, argumentando que a seleção é feita “a conta-gotas”.

“Não é chegar e entrar. A seleção [de entrada na OCDE] é feita a conta-gotas. Continuamos firmes e fortes, daqui um ano, um ano e pouco estaremos dentro, se Deus quiser. A verdade é uma só: a Argentina e Roménia estavam na frente. Não queremos torcer para que ninguém fique para trás. Foi escolhido um país da América do Sul e outro da Europa”, disse Bolsonaro, num vídeo transmitido em direto no Facebook.

As declarações do chefe de Estado surgem horas depois da agência de notícias Bloomberg ter avançado que o Governo norte-americano decidiu não apoiar a candidatura do Brasil para aderir à OCDE. A decisão foi comunicada pelo secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, numa carta enviada ao secretário-geral da OCDE, Ángel Gurría, em 28 de agosto.

Na carta obtida pela agência, Pompeo informou que Washington apoiava apenas as propostas de adesão como novos membros da Argentina e Roménia. Washington também rejeitou um pedido de discutir mais ampliações na OCDE.

Contudo, pouco tempo depois, Pompeo usou o Twitter para declarar que administração norte-americana mantém o apoio à entrada do Brasil OCDE, sem, porém, estabelecer prazos.

“Ao contrário do que dizem os media, os Estados Unidos, consistente com a declaração conjunta de 10 de março do Presidente Donald Trump e do Presidente Jair Bolsonaro, apoiam totalmente o Brasil no início do processo para se tornar um membro pleno da OCDE. Saudamos os esforços contínuos do Brasil em relação a reformas económicas, melhores práticas e uma estrutura regulatória alinhada aos padrões da OCDE”, escreveu Mike Pompeo no Twitter.

Jair Bolsonaro culpou a imprensa pela divulgação das informações e afirmou que a decisão do Brasil entrar naquela organização internacional não depende exclusivamente dos Estados Unidos.

“Na primeira vez que estive com Donald Trump pedi-lhe esse apoio e ele imediatamente nos deu. Agora não depende só dele. Tem que haver unanimidade de todos os países. O primeiro que procurámos foi Israel. A nossa equipa foi trabalhando, e estamos praticamente a chegar lá. Só que dois países estavam na frente, Argentina e Roménia”, reforçou o mandatário brasileiro.

O apoio dos EUA à Argentina e a Roménia acontece quando as duas nações estão a passar por convulsões políticas internas.

Bolsonaro aproveitou a transmissão em vídeo no seu Facebook para declarar que espera que “a Argentina escolha corretamente o seu Presidente, por ocasião das eleições no final de outubro”.

“Esperamos que não volte aquela turminha da Dilma e Lula [ex-presidentes de esquerda brasileiros], do falecido [Hugo] Chávez, se é que não está vivo em algum lugar bem quente por aí, [Nicolás] Maduro, Fidel Castro (…) Espero que a Argentina escolha bem o seu Presidente e ela continue a ser uma grande parceira nossa”, frisou Jair Bolsonaro.

O chefe de Estado do Brasil referiu ainda que o seu antecessor na Presidência, Michel Temer, chegou a negociar a entrada do Brasil na OCDE, enquanto que “no Governo do Partido dos trabalhadores (PT) nem tentaram, porque nem iriam conseguir de jeito nenhum”, concluiu.

A embaixada dos EUA em Brasília escreveu na quinta-feira no seu site que o país “apoia a expansão da OCDE a um ritmo controlado, que leve em conta a necessidade de pressionar as reformas de governança e o planeamento de sucessão”.

O Brasil apresentou o seu pedido de adesão à OCDE em maio de 2017.

// Lusa

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