Falhou a tentativa de destituição do Presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, depois de os deputados do seu partido terem boicotado a votação. Mas a continuidade do chefe de Estado mantém-se em xeque.
Os deputados sul-coreanos começaram, neste sábado, a votar a moção de destituição do Presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, devido à sua decisão de impor a lei marcial no país, que acabou por reverter passadas seis horas.
Mas a moção foi votada ao fracasso depois de quase todos os deputados do partido no poder – o Partido do Poder Popular (PPP) de Yoon – terem abandonado o Parlamento para impedir a obtenção de quórum.
A Assembleia Nacional sul-coreana necessita de, pelo menos, 200 votos num total de 300 para destituir o Presidente. O PPP tem 108 lugares e os partidos da oposição 192.
Milhares nas ruas pedem a saída do Presidente
As imagens em directo da sessão mostraram os deputados do PPP a abandonar o hemiciclo antes da votação, apesar de dezenas de milhares de manifestantes se terem alinhado no exterior do Parlamento para exigir a saída de Yoon.
🇰🇷 Update:
🔴 Thousands of people in South Korea are protesting, calling for President Yoon to step down.
#SouthKorea #Protests #PresidentYoon pic.twitter.com/b2Y8LMstG5
— Global Whispers (@masum648) December 7, 2024
“O povo não lhe vai perdoar”, disse à AFP Lee Wan-pyo, um reformado de 63 anos.
A Coreia do Sul “tem de evitar que estes acontecimentos se repitam”, acrescentou o jovem Jeon Yeon-ho, de 19 anos.
Por outro lado, também se realizou uma manifestação a favor de Yoon na praça central de Gwanghwamun.
Receando uma nova tomada de poder nocturna por parte do Presidente, os deputados da oposição acamparam no interior da Assembleia Nacional durante toda a noite.
Autocarros e outros veículos foram estacionados nas esplanadas em redor do edifício para impedir a aterragem de helicópteros das forças especiais.
De acordo com os meios de comunicação social sul-coreanos, apenas dois deputados do PPP decidiram permanecer no hemiciclo.
O Partido Democrático que lidera a oposição já anunciou que não vai desistir da intenção de destituir o Presidente.
Por seu turno, o PPP referiu que vai procurar uma forma “mais ordeira e responsável” para resolver esta crise política sem que Yoon Suk Yeol seja destituído.
Yoon pediu desculpas, mas não se demite
Poucas horas antes da votação Parlamentar da destituição, Yoon Suk-yeol apresentou as suas “sinceras desculpas” ao povo pela imposição da lei marcial, mas recusou demitir-se.
“Causei ansiedade e incómodo ao público. Peço sinceras desculpas”, salientou antes de fazer uma profunda vénia aos sul-coreanos.
Numa breve mensagem transmitida pela televisão, Yoon anunciou que confiaria ao seu partido a tarefa de adoptar “medidas para estabilizar a situação política“, incluindo sobre o mandato presidencial.
Yoon prometeu também que não vai voltar a tentar declarar a lei marcial, explicando que tomou esta decisão pelo seu “desespero enquanto Presidente” pelo facto de o Parlamento, maioritariamente dominado pela oposição, ter impedido praticamente todas as suas iniciativas.
Chumbada investigação à primeira-dama por suspeitas de corrupção
Momentos antes do boicote à votação de destituição do Presidente sul-coreano, o Parlamento também não conseguiu aprovar uma investigação à primeira-dama, Kim Keon-hee, devido a suspeitas de corrupção.
A moção para investigar Kim obteve 198 votos a favor e 102 contra, pelo que não atingiu a maioria de dois terços necessários, indiciando que apenas seis membros do PPP votaram a favor da investigação.
ZAP // Lusa