Boaventura: “As mulheres da minha idade gostam de piropos”

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Paulo Novais / LUSA

Boaventura de Sousa Santos

Professor continua a negar qualquer crime. Não se lembra se os seus piropos foram dirigidos a alunas em Coimbra.

O caso foi noticiado em Abril de 2023: o Centro de Estudos Sociais de Coimbra começou a investigar denúncias de assédio sexual e moral. Um dos “alvos” é Boaventura Sousa Santos, o professor que sempre negou qualquer crime.

Praticamente dois anos depois, Boaventura deu a sua primeira entrevista e continua a rejeitar os crimes.

Nunca tive contacto, nenhuma dessas pessoas pode invocar ter tido contacto físico ou íntimo comigo. Falam de assédio sexual porque o assédio sexual é o que vende”.

“A minha reputação é internacional. Se me queriam afastar, tinham de o fazer com estrondo”, continuou.

Mas admite: “Cometi erros, mas não foram desse tipo”.

O sociólogo, tal como há dois anos, voltou a basear-se no factor idade (tem 84 anos): “Qualquer homem da minha idade que diga que, nos anos 1960 ou 1970, não fez um piropo ou um galanteio a uma mulher, ou é mentiroso, ou é hipócrita”.

E também assegura que as mulheres da sua geração gostam disso: “Qualquer mulher desta idade, que também naquela época – anos 60, 70 ou 80 – recebeu um piropo e um galanteio e nunca gostou é mentirosa ou hipócrita”, comentou na CNN Portugal.

Segundo o professor, entre os piropos que as mulheres gostam de ouvir estão “estás bonita, estás bem vestida, uma coisa desse tipo”.

Mas os seus piropos foram dirigidos a alunas? Boaventura Sousa Santos não se lembra.

O professor repete que nunca prometeu vantagens às investigadores e que nunca teve um comportamento indesejado pelas mulheres em causa: “Não, nunca manifestaram isso. Pelo contrário”.

E rejeita toques em áreas genitais: “É absolutamente ridículo. Tenho lógica de proximidade com todas as pessoas. Nós latinos não somos calvinistas, a gente abraça-se. Essa atitude de proximidade e convívio sempre existiu. Fazia jantares com os meus estudantes, sempre no domínio público”.

Em alguns desses convívios, relata, enquanto se discutia poesia, uma mulher sentou-se ao seu colo, outra pôs a mão na perna do professor: “Não me senti assediado”.

Boaventura vê neste caso um “guião que vem de outros países, sobretudo do guião do (movimento) #Metoo – que é o meu grande problema, pode pôr em causa a importância do movimento feminista, que é extraordinário”.

Assegura que, em breve, vão surgir provas que desmentem a versão das mulheres que apresentaram as denúncias.

“Não excluo que tenha havido irregularidades no Centro de Estudos Sociais de Coimbra, mas não fui eu que as cometi!”.

O sociólogo acha que as mulheres que o denunciam foram privilegiadas – estiveram em projetos financiados pela União Europeia, “ganharam muito dinheiro”. Mas, assegura, nem conhece algumas das 13 mulheres em causa: “Trabalhei com quatro ou cinco”.

Boaventura reforça que esta situação só surgiu devido a “um conjunto de interesses externos e internos. Sou um pensador incómodo, um intelectual crítico, incómodo. Seria um alvo fácil para atacar”.

ZAP //

8 Comments

  1. Favor não comentar em nome de mais ninguém além do seu…
    Qual é a “qualidade” dos piropos em questão? Não generalize e já não se arrisca a ser um “alvo fácil a atacar”.
    O movimento #MeToo como todos os outros actualmente, não deixa de ter os seus “actos”, “gestos” de extremismo, nem com todos será assim mas não poderá ser considerado como necessário dada a amplitude de violência em torno do ser feminino que neste momento está farto e quer deixar de ser sujeito à objectivação constante…
    O ser masculino deveria remeter-se a falar do que sabe, o contrário também devia acontecer, os pseudo machos desta sociedade vigente não fazem ideia, nem querem saber a realidade do ser feminino, não vos interessa!!

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  2. Eu sempre comentei em meu nome. Não tenho procuração de ninguém. Quanto aos piropos, há piropos e piropos. Uma coisa é um galanteio educado e com pouca pressão . Outra coisa são exigências de pessoas que estão numa dada posição que lhes permite fazer chantagem com aquilo que têm e podem para oferecer. Muitas vezes até se trata de um negócio. Se ambas as partes estiverem de acordo…Também tenho a acrescentar que nunca vi nada. É só pelo que ouço dizer. Mas se as senhoras falam tanto em “igualdades” porque não começam elas também a acediar os homens? Não seria também uma forma de conseguirem mais igualdade? Podem ter a certeza que eu não reclamava!

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    • Grata pela resposta. Recordo que ao dizer que as mulheres da sua idade gostam de piropos está a falar por todas elas…
      -No entanto grande parte do problema deriva do facto de dizerem que as mulheres gostam de piropos sem REALÇAREM que ele deve ser “um galanteio educado e com pouca pressão .” Gostaria de adicionar minimamente inteligente. E não deixar de realçar que; ” Outra coisa são exigências de pessoas que estão numa dada posição que lhes permite fazer chantagem com aquilo que têm e podem para oferecer.”
      Não, nem todas as mulheres da sua idade gostam de piropos!
      – #2 Se a sua resposta é; “Mas se as senhoras falam tanto em “igualdades” porque não começam elas também a acediar os homens? Não seria também uma forma de conseguirem mais igualdade? Podem ter a certeza que eu não reclamava!”
      Então estaremos a justificar uma quantidade incomensurável de actos que vão do apenas mau ao atroz não? A velha falácia, se os outros fazem…

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  3. Se este gajo fosse de direita já tinha sido trucidado até à inconsciência pelas líderes de pêlo no sovaco dos partidos como o dele.

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  4. As mulheres só gostam de receber piropos se o piropante lhes agradar. Senão, ficam de trombas, fazem cara torcida ou dão resposta torta.

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