O Estreito de Hormuz é pequeno, mas a sua localização torna-o tão poderoso que bloqueá-lo seria uma autêntica catástrofe económica.
O Ever Given, um navio porta-contentores de bandeira panamiana, que faz parte da frota da companhia marítima de Taiwan Evergreen, encalhou a 29 de março com uma carga de mais de 18.000 contentores geridos pela multinacional Bernhard Schulte Shipmanagement (BSM) e obrigou centenas de navios a esperarem dias para transitar entre o Mar Vermelho e o Mar Mediterrâneo, e vice-versa.
O incidente resultou num prejuízo de cerca de 9,6 mil milhões de dólares em mercadorias bloqueadas a cada dia.
Por muito importante que seja este canal, não é tão crucial como o Estreito de Hormuz – a única forma de os navios se deslocarem entre o Golfo Pérsico e o Golfo de Omã.
O Golfo Pérsico está rodeado por sete países (Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Catar, Bahrein, Kuwait, Iraque, e Irão) e, segundo o Interesting Engineering, quatro dependem dele e do Estreito de Hormuz para aceder aos oceanos do mundo.
Todos são grandes produtores de petróleo sendo que, à volta do Golfo Pérsico, é possível encontrar cerca de metade das reservas mundiais de petróleo natural e 40% das reservas mundiais comprovadas de gás natural. Todo o tráfego marítimo de e para os principais países exportadores de petróleo do mundo tem que passar por este canal.
O Estreito de Hormuz é uma extensão de água com apenas 48 quilómetros de largura, o que significa que nem o Luxemburgo por lá passaria. Considerando-se as águas territoriais do Irão e de Omã, a área navegável reduz-se a apenas 10 quilómetros.
Mas, apesar de muito pequeno, é a mais importante localização, uma vez que, ao controlar estes 48 quilómetros, controla-se o mundo inteiro.
Sendo que 80% do comércio mundial continua a ser feito através do transporte marítimo, bloquear o Estreito de Hormuz sairia muito caro. Aliás, todas as artérias marítimas que rodeiam este estreito são o coração da economia global do século XXI.