Três semanas após o chumbo do Orçamento do Estado, Catarina Martins foi à Grande Entrevista, na RTP3, dizer que a crise política foi forçada pelo PS e que o Bloco de Esquerda não vai permitir que a direita seja Governo.
Esta quarta-feira à noite, Catarina Martins foi à Grande Entrevista, na RTP3, garantir que “o Bloco de Esquerda nunca permitirá com a sua força que a direita seja Governo, isso é óbvio”. “E nunca faltará à construção de soluções.”
Na ótica da bloquista, “o país precisa de um acordo forte, condicionado à esquerda”, para que tenha “estabilidade” e uma “estratégia” de governação, ao invés de depender de acordos pontuais.
Questionada sobre se esse acordo poderia depender da existência de uma coligação de Governo semelhante ao que existe em Espanha, entre o PSOE e o Unidas Podemos, Catarina Martins disse que o BE assumirá “todas as responsabilidades, mas não é isso que nos move”.
“Agora, não é por estarmos ou não no Governo que não há acordo. Essa não é a questão central”, garantiu.
No mesmo canal, o primeiro-ministro, António Costa, tinha responsabilizado os antigos parceiros da geringonça pelo chumbo do OE2022.
Na quarta-feira, Catarina Martins frisou que não se desviou do caderno de encargos, a começar pelo fator de sustentabilidade, o salário médio que se vê mais próximo do mínimo, a fixação de profissionais no SNS e as leis laborais.
Este conjunto de questões devem ser resolvidas à esquerda, até porque o Bloco acredita que “a direita não tem projeto para o país”. “O Partido Socialista sabe disso e por isso teve esta tentação [de forçar eleições]”.
Da parte do Bloco, mantém-se a disponibilidade para negociar – e deu como exemplo o que aconteceu em 2015, em que o partido, sem cargos no Governo, deu ao PS “todas as condições para governar”.
É difícil que a direita venha a formar governo, após a próximas legislativas. Não por causa da força do BE, mas por causa dos tiros no pé que PSD e CDS têm vindo a dar ultimamente e de forma crescente. Mesmo que sejam de pólvora seca, estes tiros têm sido ridículos e desconcertantes, beneficiando claramente um PS que, normalmente, era quem devia estar sob fogo e na defensiva. Uma coligação sólida e determinada à direita, era previsivelmente a única alternativa conducente a uma nova maioria. Mas estes líderes estão vesgos, ou então não querem ver a realidade.
Quanto ao BE, não prima pela coerência nem pela inteligência. Depois de patrocinar a queda da geringonça, vem agora Catarina Martins com um ar seráfico defender um acordo governativo à esquerda. Parece que não foi nada com eles. A culpa foi dos outros, eles nem queriam… O tiro deve ter-lhes saído pela culatra.
Esta deve sofrer de amnésia, O povo também sofre do mesmo mal, mas daqui a três meses não vai ser tempo para esquecer, o mal que fizeste aos Portugueses, que queriam estar a recuperar de um covid que continua a matar centenas de Portugueses todos os meses