Bloco de notas do Antigo Egito. Arqueólogos descobrem 18 mil fragmentos de cerâmica

(dr) Athribis-Project Tübingen

Fragmento cerâmico, com cerca de dez centímetros, que serve de suporte para escrita

Uma equipa de investigadores encontrou mais de 18 mil fragmentos cerâmicos na cidade há muito perdida de Athribis, no centro do Egito.

Os fragmentos de vasos e jarros cerâmicos, conhecidos como óstracos, serviam como suporte de escrita há pelo menos dois mil anos e documentam o quotidiano das populações que passaram por Athribis.

Pelo facto de serem muito mais baratos e acessíveis do que o papiro, os restos de vasos e jarros eram utilizados diariamente para fazer listas de compras, literatura ou ensinar a ler, a escrever e a desenhar.

Aliás, muitos dos óstracos encontrados no sítio arqueológico de Athribis parecem ser vestígios de uma escola antiga.

“Há listas de meses, números, problemas aritméticos, exercícios gramaticais e um ‘alfabeto de aves’ – a cada letra foi atribuído um pássaro cujo nome começa com essa letra”, descreveu o egiptólogo Christian Leitz, da Universidade de Tübingen, na Alemanha, citado pelo Science Alert.

O portal detalha ainda que a maior parte das notas estão escritas em Demótico, a escrita administrativa utilizada durante o reinado de Ptolomeu XII (mais conhecido como o pai de Cleópatra), que governou de 81 a 59 a.C. e, mais tarde, de 55 a 51 a.C..

Nesse período, a cidade de Athribis foi a capital de um estado egípcio, localizado ao longo do rio Nilo. Contudo, apesar de o Demótico ter sido a escrita mais popular desta época, ainda se ensinava às crianças uma forma simplificada de hieróglifos.

As várias línguas que surgem nos óstracos – demótico, hieróglifos, grego, árabe e copta – é uma prova da história multicultural da cidade. O alfabeto copta, por exemplo, é uma mistura de línguas gregas e egípcias e está intimamente associado ao cristianismo.

Até agora, só tinha sido descoberta uma vez uma grande quantidade de fragmentos cerâmicos com inscrições no Egito, nomeadamente no assentamento operário de Deir el-Medineh, perto do Vale dos Reis em Luxor.

O sítio arqueológico de Athribis estende-se por 30 hectares e é composto por uma área com dois templos, zona de urbana, necrópole e pedreiras.

ZAP //

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