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Web Summit. Nem Blair nem Macron escaparam às críticas do advogado de Assange

Juan Branco subiu ao palco principal de Web Summit, esta quarta-feira, para discutir a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China. No entanto, a conversa foi muito para além disso e o advogado de Julian Assange disparou em todas as direções.

Branco deixou críticas ao antigo primeiro-ministro britânico Tony Blair, que esteve horas antes naquele mesmo palco. “Quero agradecer à Web Summit por nos lembrar que Tony Blair tem liberdade para se movimentar. Esteve cá há umas horas, mesmo tendo em conta que despertou a guerra mortífera no Iraque, que custou a vida a milhares de pessoas”, atirou.

Enquanto isso, relembrou que Assange continua preso em Londres “por ter revelado os crimes cometidos pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido”. E não tem dúvidas: se Assange lá estivesse no Altice Arena, “muitos iriam gostar de o ouvir”.

Não estou habituado a estar rodeado de tantos criminosos, é um novo cenário para mim”, reiterou o advogado, antes de voltar ao tema que o trouxe lá.

Branco teve em palco a companhia de Michael Pillsbury, especialista do Hudson Institute em questões da China, que fez as primeiras declarações sobre o tópico. Pillsbury, que é diretor de Trump para as relações com a China, mencionou a forma como os asiáticos bloquearam a assinatura de um acordo comercial com os EUA, “promovendo a piratagem de jogos eletrónicos”.

Para Pillsbury, “é sempre relevante tentar saber que lado das negociações ganha mais, se são os EUA ou se é a China”. De acordo com o Jornal Económico, Xi Jinping queria deixar cair todas as tarifa aduaneiras, caso contrário, o acordo não avançaria.

Por sua vez, o advogado de Assange apontou para o facto de o presidente francês, Emmanuel Macron, estar a aproveitar este impasse nas negociações para vender porcos aos chineses.

“Este é um dos objetivos principais de um Presidente que finge ser moderno, que finge ser ecológico: é ter porcos criados em França, colocados em condições para serem levados ao longo de 10 mil quilómetros. É este complexo absurdo e uma desconexão das pessoas que nos lideram hoje que está a destruir o planeta e os indivíduos que estão a lutar pela sua vida”, disse, citado pelo Observador.

Branco explicou ainda que, caso a China decidisse quebrar os acordos alcançados com a França, os gauleses não teriam qualquer poder contra os chineses — uma situação que o preocupa.

“Não há nenhuma razão para estar na prisão”

Houve ainda tempo para falar do hacker português Rui Pinto, que, de forma semelhante a Assange, continua na prisão. A justiça portuguesa não fugiu às críticas de Branco, falando mesmo de um escândalo incompreensível.

“É um escândalo estar preso. Ele só revelou documentos verdadeiros que permite compreender melhor um dos sistemas mais corruptos, que é o futebol”, disse Juan Branco ao Jornal Económico.

“Podia-se discutir esta questão num processo cível, mas estar em prisão é escandaloso. Não cometeu nenhuma violência, nenhuma pessoa foi atingida na sua dignidade. A partir daí não há nenhuma razão para estar na prisão”, acrescentou.

O advogado mostrou o seu apoio a Rui Pinto, mencionando o risco cego que tomou para que o público tivesse a capacidade de compreender coisas. “É vergonhoso para Portugal. Há uma solidariedade internacional por ele e há pessoas no mundo inteiro a pensarem nele”, reiterou.

ZAP //

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