Após uma longa investigação, a Igreja concluiu que as “aparições” que todos os dias 3 de cada mês ocorrem em Trevignano, perto de Roma, não têm qualquer caráter sobrenatural.
A investigação decorreu ao longo de nove meses e permitiu que Marco Salvi, Bispo da Diocese de Civita Castellana, emiti-se um decreto a 6 de março de 2024 a declarar que o fenómeno não tinha caráter sobrenatural.
Consideradas pela Igreja como “infundadas”, as “aparições” remontam a 2016, quando em Trevignano Romano, nas margens do Lago Bracciano, a cerca de 60 km de Roma, Gisella Cardia — cujo verdadeiro nome é Maria Giuseppa Scarpulla — , alegada vidente, começou a reunir centenas de devotos à sua volta.
De acordo com o Aleteia, a mulher italiana é suspeita de fraude — entre outros crimes —, tendo, por isso, sido notícia nos últimos meses.
No dia 3 de cada mês todos os fiéis se deslocavam a uma colina no campo italiano para uma alegada “aparição” Mariana.
Num texto de seis páginas, cuja cópia foi enviada ao Dicastério (autoridades da Igreja Católica) para a Doutrina da Fé do Vaticano, Salvi declarou a situação como “não-supernaturalitate“, ou seja, sem dimensão sobrenatural.
Salvi viu necessidade de se fazer um inquérito, em abril de 2023, face a uma situação “extremamente confusa” e uma “consternação geral” na sua Diocese em torno deste fenómeno.
Para isso, contou com uma Comissão de teólogos, canonistas e psicológos que apresentou as suas primeiras conclusões no dia 30 de maio seguinte e o seu relatório final em janeiro deste ano.
Durante a investigação, Gisella Cardia foi submetida a um exame psicológico com uma equipa de cinco peritos.
A comissão estabeleceu “contradições” no seu testemunho, salientou a “incoerência” entre as suas declarações e as do seu marido, Gianni, ou de outros envolvidos, e concluiu que Cardia não era “fiável”.
Os peritos observaram também que as “mensagens” de Cardia criticavam a Igreja enquanto Instituição e criavam “divisão” entre os Católicos. Além disso, a Comissão apontou “numerosos erros teológicos” nas suas mensagens.
Consequentemente, o Bispo ordenou aos fiéis que se abstivessem de participar nos acontecimentos à volta das falsas “aparições” e proibiu ainda os sacerdotes de celebrarem os sacramentos ou de presidirem a atos de piedade popular ligados à associação “Madonna di Trevignano ETS” ou de visitarem os locais das “aparições“.
Salvi também exigiu que Cardia e o marido respeitassem a sua decisão episcopal e afirmou que o título “Madonna di Trevignano ETS” — invocado pelos seguidores deste fenómeno — não tem “valor eclesiástico“.