O consumo de álcool pelos jovens atingiu o valor mais baixo dos últimos 8 anos em 2023, mas há uma nova “forma” de beber que se está a tornar popular.
De acordo com o mais recente inquérito “Comportamentos Aditivos aos 18 anos”, realizado pelo Instituto para os Comportamentos Aditivos e Dependências (ICAD) e divulgado esta terça-feira, os jovens estão a beber menos e a consumir menos drogas.
Em 2023, cerca de 78% dos jovens disseram, no inquérito feito a mais de 92 mil jovens no Dia da Defesa Nacional, ter consumido bebidas alcoólicas nos 12 meses anteriores, uma descida de 5,3% face a 2015 (83%) e ainda em comparação com 2022 (85%).
Ainda assim, explica o Expresso, o consumo de álcool entre os jovens continua elevado: erca de 80% dos inquiridos afirmaram já ter bebido bebidas alcoólicas pelo menos uma vez na vida e 63% nos 30 dias anteriores à realização do inquérito. Mas a “maioria” dos jovens não consome álcool diariamente ou quase diariamente.
O problema é quando o faz. A forma como se consume álcool está a mudar, e os jovens ingerem cada vez mais as bebidas de forma rápida e em grandes quantidades. A isto se chama “binge drinking” — um exemplo prático e o “cúmulo” desta prática são os “penaltis”, momento em que se ingere uma quantidade elevada de bebida em poucos segundos.
Quase metade dos inquiridos admitiu ter ingerido bebidas de forma “binge”. Ainda que haja menos pessoas a beber todos ou quase todos os dias, o “binge drinking” é uma moda que também traz complicações, mesmo que não seja recorrente.
“Há uma valorização da capacidade de beber muito. Aguentar o álcool significa que tem mais experiência a beber, o que, por sua vez, está frequentemente associado a sair mais vezes. E sair mais vezes é visto como sinónimo de ser um jovem mais popular ou mais vivido”, lamenta a psicóloga.
Ludmila Carapinha, psicóloga no ICAD, em entrevista ao Expresso, culpou a “presença constante de bebidas alcoólicas na vida quotidiana, especialmente entre os jovens”, dos elevados valores que todos os dias se registam.
No que toca ao consumo de substâncias ilícitas, nos últimos 12 meses 24% dos jovens responderam afirmativamente ao inquérito, o que traduz uma redução face aos 27% registados no ano anterior. A única exceção foram os opiáceos: a heroína e a anfetamina registaram um ligeiro aumento no consumo.