Um possível acordo comercial, a fronteira entre as duas Irlandas, a retirada do Afeganistão e as alterações climáticas foram alguns dos temas em cima da mesa na recepção a Boris Johnson na Casa Branca.
Foi um dos trunfos usados pelos defensores do Brexit durante a campanha antes do referendo, incluindo pelo próprio Boris Johnson, mas por enquanto ainda está na gaveta. Durante a visita do primeiro-ministro britânico à Casa Branca, Joe Biden não se comprometeu a assinar um acordo comercial com o Reino Unido pós-Brexit.
“Hoje vamos falar um bocadinho sobre comércio e vamos ter de trabalhar nisso”, respondeu Biden às questões dos jornalistas antes da reunião de 90 minutos entre os dois líderes, no seguimento da Assembleia Geral das Nações Unidas.
O actual presidente foi mais parco nas palavras do que Barack Obama, que tinha Biden como vice, quando este afirmou que o Reino Unido teria de voltar “para o fim da fila” nas negociações para o comércio depois do Brexit. No entanto, Biden não fechou a porta a essa possibilidade.
Já Boris Johnson referiu que o acordo é uma prioridade para Downing Street e prometeu que os países “estão a avançar o mais rápido que podem” para chegarem a um consenso, mas realça que os “americanos negoceiam de forma muito dura”.
O primeiro-ministro também não pôde garantir que o acordo seja assinado antes das próximas legislativas no Reino Unido, em 2024.
“A administração Biden não anda a fazer acordos de comércio livre por todo o mundo de momento, mas tenho toda a confiança de que há um óptimo acordo a ser feito e há muitas pessoas naquele edifício que certamente querem um acordo”, afirmou.
Johnson realçou também o progresso já feito na decisão dos EUA de acabar com a proibição da importação de carne de vaca britânica e espera que uma medida semelhante seja aplicada à carne de cordeiro.
Recorde-se que o Reino Unido anda, desde o voto do Brexit em 2016, em busca de novos parceiros comerciais, depois de ter saído do mercado único da União Europeia, sob a promessa dos brexiteers de que o país assinaria acordos mais vantajosos fora da UE. Os EUA são um dos parceiros mais atractivos para os britânicos.
À Sky News, o Secretário do Ambiente revelou que ainda há “esperança de criar um acordo com os Estados Unidos”, mas que o executivo conservador “não está a definir prazos”. “Apenas não é uma prioridade para a administração dos EUA”, acrescentou.
Perante a pouca abertura de Washington, o executivo inglês já está a pensar em alternativas para acelerar o processo e está a ponderar passar a integrar o USMCA, um acordo comercial criado por Donald Trump para substituir o anterior NAFTA, que define as relações entre os EUA, o Canadá e o México.
Segundo revela uma fonte próxima do governo à BBC, “há muitas maneiras diferentes” do Reino Unido entrar no USMA e que a única dúvida é “saber se a administração dos EUA está pronta”. “A bola está do lado dos EUA. São precisos dois para dançar o tango”, referiu.
Biden deixa aviso sobre a Irlanda do Norte
Uma das outras consequências do Brexit mais importantes foi a preocupação que a criação de uma fronteira entre a Irlanda do Norte, que pertence ao Reino Unido, e a República Irlanda, membro da UE, voltasse a reacender o conflito pelo território, que muitos irlandeses defendem que deve ser integrado na República.
O chefe de Estado norte-americano mostrou-se também preocupado com a situação e lembrou o envolvimento dos EUA nas negociações do Acordo de Belfast, também conhecido como Acordo de Sexta-Feira Santa, que colocou um fim ao conflito armado.
“Fizemos um enorme esforço e dedicamos muito tempo e foi um grande esforço bipartidário nos Estados Unidos”, recordou Biden, que é de ascendência irlandesa. “E eu não gostaria nada de ver, nem muitos dos meus colegas Republicanos, uma mudança nos acordos irlandeses que resultassem numa fronteira fechada na Irlanda”, alertou.
O líder britânico concordou e disse que ninguém quer mexer no Acordo de Sexta-Feira Santa ou colocar em causa a estabilidade na fronteira, depois do protocolo assinado com a União Europeia ter levado a mais verificações nos bens trocados, o que tem provocado protestos e apelos a que seja revertido.
O Reino Unido quer por isto uma renegociação fundamental do protocolo, mas a União Europeia não está aberta a essa possibilidade, mostrando-se apenas disposta a torná-lo mais flexível.
Para além do comércio e da fronteira na Irlanda, a reunião abordou também a retirada das tropas no Afeganistão, as alterações climáticas e o novo acordo AUKUS assinado com a Austrália.
Ha ha ha os ingleses na mão dos americanos. Estes vão espremê-los bem. Vão ficar pior do que estavam da UE.