Belenenses SAD diz que adiamento do jogo com o Benfica era responsabilidade da Liga

António Cotrim / Lusa

Jogadores do Belenenses SAD no jogo frente ao Benfica

A Belenenses SAD defende hoje, em comunicado, que o adiamento do jogo com o Benfica, que considerava “lógico e inevitável”, “inseria-se e insere-se plenamente na esfera da responsabilidade da Liga Portugal” de futebol.

A SAD esclarece ainda que entende que o adiamento do jogo de sábado com o Benfica, da 12.ª jornada da I Liga de futebol, “não tinha que ser formalmente pedido pelas partes, uma vez que resultava de um problema de saúde pública”.

“Na noite de sexta-feira, informámos a Liga que tínhamos realizado testes antigénio internamente, na sequência de sintomas apresentados por alguns jogadores, dos quais 16 testaram positivo à covid-19”, refere-se na nota.

O Belenenses SAD adianta que informou a Direção Geral de Saúde (DGS) e que esta solicitou uma “lista de contactos considerados de alto risco, classificou o ocorrido como ‘surto’ e enviou uma lista de critérios genéricos de isolamento que teriam de ser escrupulosamente cumpridos”.

“Acresce ainda que a DGS mostrou preocupação pelos riscos associados a uma nova variante, e decretou que fossem realizados testes PCR a todos os que estavam em isolamento”, adianta o comunicado.

Os ‘azuis’ referem que às 12:00 de sábado o seu presidente “informou através de uma conferência de imprensa que não solicitou o adiamento do jogo nem ao Benfica nem à Liga” e que às 14:34, através do seu médico, “informou formalmente a Liga da decisão da DGS de colocar 44 membros do grupo de trabalho em isolamento”.

“Ao contrário do que seria expectável a Liga não respondeu a este email e apenas enviou uma mensagem WhatsApp para o presidente com uma lista de oito jogadores que considerava aptos para ir a jogo”, referem.

A SAD esclarece que informou a Liga que um desses jogadores estava lesionado, juntando informação que o provava, e que outro, o sul-africano Sphephelo Sithole, estava fora do país, por não ter tido autorização de entrada em Portugal, facto que também era do conhecimento do organismo.

“Feitas as contas, eram na verdade apenas seis jogadores efetivamente disponíveis. Seis jogadores que foram considerados suficientes pela Liga para a mesma manter a realização do jogo. A consequência seria a falta de comparência e a consequente perda de pontos”, adianta o comunicado.

Seguindo a cronologia dos factos, a Belenenses SAD adianta que “cerca das 19:00, na sequência do resultado dos testes PCR, que confirmaram 15 casos positivos, a DGS atualizou os contactos de risco e retirou três jogadores de isolamento”.

“Nesse momento, a Belenenses SAD passou a dispor de nove jogadores para apresentar no jogo. Obviamente, a Belenenses SAD continuava a entender que o jogo não podia realizar-se e solicitou imediatamente à Liga e ao Benfica o adiamento do encontro”, esclarece.

De acordo com os ‘azuis’, “o presidente do Benfica entendeu que naquele momento não era ao Benfica que competia o poder de adiar o jogo”.

“É importante recordar que, num contexto semelhante, embora sem ter em seu poder o mesmo detalhe de informação, a Federação Portuguesa de Futebol decidiu o adiamento do jogo de sub-23 da Belenenses SAD marcado para esta manhã”.

Por isso, a Belenenses SAD entende que “cabia à Liga Portugal, com a qual esteve sempre em contacto, o poder de adiar o jogo por razões desportivas e de saúde pública”.

“É à Liga Portugal que cumpre salvaguardar a integridade da competição e a verdade desportiva. Além das considerações desportivas, graves, a situação médica de todas as pessoas da Belenenses SAD assumiu-se, para nós, como absolutamente prioritária”, finaliza o comunicado.

DGS demarca-se do episódio

A Direção-Geral da Saúde (DGS) demarcou-se hoje do episódio ocorrido, frisando que, juntamente com a autoridade de saúde local, não se pronuncia sobre realização de encontros de futebol.

Através de um comunicado, a entidade indica que na “defesa e proteção da Saúde Pública, compete à Autoridade de Saúde local a investigação epidemiológica de casos de infeção por SARS CoV-2/COVID-19 para a implementação de medidas de prevenção e controlo, de modo a interromper cadeias de transmissão da infeção”.

Como tal, a Autoridade de Saúde e a DGS “não se pronunciam sobre a realização de jogos, quer sejam de futebol ou de outro desporto”.

Também no dia de hoje, a Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) informou que vai avançar com uma participação disciplinar junto do Conselho de Disciplina da Federação (FPF), para apurar eventuais responsabilidades, pouco depois de anunciar também a “convocatória para uma reunião de direção extraordinária para esta segunda-feira”.

“Esta decisão [de avançar com participação disciplinar], tomada em reunião de Direção Executiva realizada na manhã deste domingo, permitirá apurar eventual responsabilidade disciplinar, designadamente quanto ao cumprimento dos protocolos sanitários aplicáveis”, pode ler-se na curta nota divulgada pela Liga, no sítio oficial na Internet.

ZAP // Lusa

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