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Bebida sagrada de tribos da Amazónia reduz risco de suicídio de pessoas com depressão “incurável”

Uma bebida sagrada de tribos amazónicas, conhecida como ayahuasca, mostrou ter efeitos capazes de reduzir o risco de suicídio em pessoas com depressão “incurável”.

Um estudo inédito do Imperial College London, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e da Universidade de São Paulo explorou o impacto da droga psicadélica ayahuasca nas taxas de suicídio e concluiu que a mistura pode ter um efeito positivo em pessoas com depressão grave que não têm respondido a outros tratamentos.

A ayahuasca é uma mistura de substâncias psicadélicas consumida por tribos indígenas da Amazónia há séculos. Um dos seus ingredientes é a poderosa droga dimetiltriptamina (DMT).

Uma vez que outros estudos já mostraram efeitos promissores de psicadélicos no tratamento de condições associadas ao suicídio, como depressão, os investigadores resolveram analisar que papel a ayahuasca poderia ter no risco de suicídio.

Para isso, conduziram uma análise secundária dos dados de um estudo feito em 2019 e publicado na revista científica Psychological Medicine. Um artigo com os resultados deste novo estudo foi publicado na revista científica Frontiers in Pharmacology.

Nele, 29 indivíduos com depressão resistente a tratamentos e sem histórico de distúrbios psicóticos receberam uma dose de ayahuasca ou de placebo durante uma única sessão de terapia. Nenhum deles tinha experimentado um psicadélico antes. Um psiquiatra avaliou o risco de suicídio dos participantes antes da sessão, e depois de um, dois e sete dias da sessão.

Os resultados do estudo indicam que a ayahuasca teve um efeito médio/grande na taxa de suicídio sete dias após a intervenção no grupo que recebeu o tratamento, efeito que não foi visto no grupo de placebo. Apesar disso, os dados não são conclusivos porque podem não ser estatisticamente significativos.

“O nosso estudo é caracterizado por várias limitações importantes, incluindo um pequeno tamanho de amostra, exclusão de indivíduos que eram extremamente suicidas e acompanhamento de curto prazo. Por fim, será importante que estudos futuros usem amostras maiores, além de examinarem a segurança e a eficácia da ayahuasca como uma intervenção para indivíduos com altos níveis de suicídio”, afirmou Richard Zeifman, um dos autores do estudo.

Dado que a investigação não explorou o impacto direto da ayahuasca no suicídio, explicações alternativas para os resultados positivos são plausíveis. Contudo, os cientistas dizem que o tema merece atenção, uma vez que novas abordagens de prevenção do suicídio são necessárias.

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