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Bebé de cinco meses morre em Itália depois de circuncisão feita em casa

Um bebé de cinco meses morreu na passada sexta-feira em Itália depois de uma circuncisão feita em casa. As autoridades estão a investigar a causa de morte do bebé, que sofreu uma paragem cardíaca depois da intervenção. Esta é a segunda morte em Itália no espaço de três meses pelo mesmo motivo.

Segundo noticiou o Telegraph, na segunda-feira, citado pelo Observador, a circuncisão aconteceu em Scandiano, no norte do país, na casa de uma família ganense. Depois da paragem cardíaca, a criança foi encaminhada para o hospital de Bolonha, onde viria a morrer. Os pais são os principais suspeitos da morte da criança.

Em dezembro passado, na cidade de Monterondo (arredores de Roma), uma criança de dois anos morreu depois de uma circuncisão em casa de uma família nigeriana, tendo o seu irmão gémeo ficado hospitalizado em estado grave devido ao mesmo procedimento. Um americano de origem líbia, de 66 anos, foi preso por ser o responsável pela circuncisão dos gémeos.

Cerca de quatro a cinco mil crianças são sujeitas a circuncisão (remoção do prepúcio) em Itália, seja por motivos médicos ou religiosos — uma prática comum entre judeus, muçulmanos, coptas e etíopes ortodoxos.

Destas circuncisões, 35% acontecem de forma clandestina, acusa a associação de médicos estrangeiros em Itália (AMSI), referida pelo site Quotidiano.net. Foad Aodi, presidente da associação, defende uma melhor regulação da circuncisão e que as famílias tenham acesso a apoio médico para o fazerem a preços reduzidos.

“[Este] é um incidente muito sério e espero que os responsáveis ​​paguem severamente por isso”, disse ao Telegraph Alessio Mammi, governador de Scandiano. “É preocupante que ainda existam indivíduos que praticam esses rituais tão antigos para arriscar a vida de crianças tão pequenas”.

Quando se deve fazer uma circuncisão?

A circuncisão, que remove a pele da glande, deve ser realizada, por indicação médica, quando o orifício do prepúcio é tão pequeno que não permite a exposição da glande, levando a que o indivíduo do sexo masculino tenha problemas a urinar ou durante as relações sexuais, explica a clínica Lusíadas no site, citada pelo Observador.

Mas a circuncisão não é a única opção médica: há problemas que se resolvem com um pequena cirurgia de alargamento do orifício, sem remover o prepúcio, e outros casos podem ser resolvidos com uma pomada corticoide.

O facto de o prepúcio estar colado à glande não é um indicação, por si só, para se realizar uma circuncisão ou intervenção equivalente, visto que isto é muito comum nos primeiros anos de vida, esclarece a clínica CUF no site, também citada pelo jornal ‘online’.

“Aos seis meses somente 20% dos meninos conseguem expor totalmente a glande, mas quase 90% já o conseguem aos três anos”, lê-se no site. “Menos de 1% dos homens tem fimose [dificuldade ou impossibilidade de expor a glande] pelos 17 anos”.

Logo, os pais não devem fazer massagens nem forçar a pele, porque correm o risco de provocar pequenas feridas que, depois de cicatrizarem, podem originar uma fimose.

“A melhor prevenção é ensinar aos pais uma boa higiene das crianças, sem fazerem massagens ou exercícios, e reconhecendo e tratando adequadamente as dermatites, assaduras e infeções que possam ocorrer”, escreve ainda a CUF.

A circuncisão tem também sido associada a uma menor probabilidade de infeção com VIH em homens heterossexuais e a Organização Mundial de Saúde recomendou este tipo de cirurgia nos países onde há elevada prevalência da doença.

“[No entanto,] é pouco provável que a circuncisão seja fortemente promovida para prevenir a propagação do VIH fora do continente africano”, conclui a Associação Portuguesa para a Prevenção e Desafio à Sida (Ser+).

TP, ZAP //

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