O Bloco de Esquerda fala em “mentiras e erros” depois de a revista Sábado ter noticiado que o partido despediu trabalhadoras que tinham sido mães há pouco tempo, e que ainda estariam a amamentar.
O partido reagiu a uma notícia da revista Sábado que adianta que o Bloco despediu cinco trabalhadoras que tinham sido mães há pouco tempo entre 2022 e 2024, e no seguimento da necessidade de reduzir pessoal devido à perda de votos nas últimas eleições.
Estes casos serão comentados nos “bastidores do partido com incómodo devido à questão ética que levantam”, uma vez que o BE é um dos partidos mais activos na defesa dos direitos das mulheres grávidas, puérperas e lactantes, conforme adianta a mesma revista.
Contudo, o BE fala em “erros e mentiras” da publicação, acusando-a de “um ataque político que dispensou o jornalismo e a verificação de factos”, e adianta que vai apresentar uma queixa na Entidade Reguladora da Comunicação Social.
Após as eleições de Janeiro de 2022, o Bloco “perdeu metade da subvenção mensal que recebia, reduziu a cerca de metade a sua rede de sedes e a sua estrutura profissional em aproximadamente 30 pessoas“, assume o Bloco num comunicado divulgado nas redes sociais, onde garante que a redução de pessoal ocorreu com pleno respeito pela lei.
“Partido comprou o silêncio das trabalhadoras”
A Sábado adianta que duas das funcionárias alegadamente despedidas “estavam nos quadros e que, para contornar a lei, o partido deu-lhes contratos a prazo sem funções, para que o “salário” servisse de indemnização”.
“Foi um acordo e o partido comprou o silêncio das trabalhadoras para que a situação não se soubesse”, revela uma fonte à Sábado.
Estas duas mulheres estariam ainda a amamentar filhos de dois e nove meses, respectivamente.
Os dois postos de trabalho acabaram por ser ocupados “por pessoas sem filhos e sem compromissos familiares” – um será “um homem” e a outra será “namorada de um dirigente do BE (antigo deputado)”, assegura também a revista.
“Nenhuma trabalhadora com bebé de 2 meses foi despedida”
Mas o Bloco nega esta versão, salientando que, nestes dois casos e “em atenção a situações pessoais particulares, o Bloco propôs que a cessação do vínculo se efectuasse no final de Dezembro de 2022, garantindo às duas funcionárias mais tempo de preparação da fase seguinte das suas vidas”.
“Nenhuma trabalhadora “com um bebé de dois meses” foi despedida do quadro do Bloco”, assegura o partido que vinca também que “nenhuma trabalhadora afectada pelo término de comissões de serviço foi substituída por outro trabalhador contratado para o efeito”.
Erros e mentiras da revista Sábado. Bloco apresenta queixa à ERC. pic.twitter.com/3DDUDEvD2O
— Bloco de Esquerda (@BlocoDeEsquerda) January 21, 2025
Assessoras com filhos perderam emprego no Parlamento Europeu
A Sábado adianta ainda que após as eleições europeias, em que o BE só conseguiu eleger Catarina Martins, foram dispensadas assessoras do grupo parlamentar europeu do Bloco em Bruxelas, que “tinham sido mães recentes“.
De acordo com a mesma fonte, uma delas estava de licença de maternidade e não podia voltar ao trabalho em Bruxelas, por precisar de cuidar do filho, e o BE não lhe renovou o contrato.
Já a outra tinha um bebé de apenas 16 meses e ainda estava a amamentar, continua a revista, notando que “duas fontes do partido” revelaram que “era costume altos dirigentes do BE pedirem a esta trabalhadora que fizesse trabalhos para o partido quando estava de licença de maternidade”.
O Bloco contrapõe realçando que estes dois contratos foram “cessados automaticamente pelo Parlamento Europeu no final dos mandatos de José Gusmão e Marisa Matias, como acontece com todos os contratos de todos os assistentes parlamentares europeus no final dos mandatos”.
Não as despediu… Dispensou os seus serviços e desejou o melhor para os seus futuros projectos.