BE lança Carolina Serrão para uma Lisboa que não está no bolso de ninguém

Filipe Amorim / Lusa

Carolina Serrão, durante a sua apresentação como cabeça de lista do Bloco de Esquerda à Câmara Municipal de Lisboa

Na apresentação de Carolina Serrão como candidata do Bloco de Esquerda (BE) à Câmara de Lisboa, Mariana Mortágua avisou que ninguém tem “no bolso” os votos que dão maioria na autarquia de Lisboa, insistindo que é preciso juntar forças para “dar uma lição às direitas raivosas do país”.

Lisboa não está no bolso de ninguém – foi com esta ideia que a coordenadora do BE Mariana Mortágua lançou Carolina Serrão para a Câmara da capital.

É possível derrotar Carlos Moedas em Lisboa e dar uma lição às direitas raivosas no país. É possível levantar outra cidade, uma Lisboa de verdade, uma cidade de liberdade, que é como queremos que seja Lisboa. Mas nada está garantido. Que ninguém pense que tem no bolso os votos que dão a maioria em Lisboa para derrotar Carlos Moedas”, alertou Mariana Mortágua.

A coordenadora do BE discursava no almoço de lançamento da candidatura da bloquista Carolina Serrão à autarquia de Lisboa, na capital, numa altura em que os bloquistas ainda deixam em aberto a possibilidade de uma coligação pré-eleitoral com forças à esquerda, como PS, Livre e PAN.

A própria cabeça-de-ista do BE, Carolina Serrão, desafiou o PS, Livre e PCP a uma convergência e “coragem para enfrentar a especulação imobiliária”.

Face à catástrofe de Carlos Moedas nós temos de ter coragem para enfrentar a especulação imobiliária e parar a turistificação e é esse o desafio que nós deixamos ao PS, ao PCP, ao Livre e aos movimentos sociais da cidade, para vencer este passado é preciso convergência e é preciso coragem”, apelou Carolina Serrão.

Apesar desta candidatura, os bloquistas ainda deixam em aberto a possibilidade de uma coligação pré-eleitoral com forças à esquerda, como PS, Livre e PAN. A CDU já anunciou que o seu candidato será o vereador e ex-eurodeputado João Ferreira (PCP), distanciando-se desta eventual aliança.

Carolina Serrão não poupou Moedas

Numa intervenção de cerca de 15 minutos, Carolina Serrão lançou duras críticas ao atual presidente da câmara, Carlos Moedas, afirmando que o social-democrata “falhou em tudo”.

Uma das áreas nas quais o BE considera que Moedas falhou – e que é das mais importantes numa eventual coligação à esquerda – foi na luta contra a crise da habitação, afirmando que desde o início do seu mandato “o preço das casas aumentou 16% e as rendas aumentaram 63%“.

“Andou a dizer que distribuiu chaves de 2 mil casas com renda acessível, esqueceu-se foi de dizer que vinham do mandato anterior pela mão do programa de renda acessível 100% público que o Bloco de Esquerda impôs no seu acordo com o PS em 2017”, realçou.

Afirmando que “ficar em Lisboa é um ato de insubmissão e rebeldia”, Carolina Serrão, propôs um “programa de emergência” para a habitação, afirmando que a Câmara “já identificou terrenos seus que permitem edificar mais de 7.400 casas”.

“No próximo mandato temos de trazer todos esses terrenos da Câmara para o programa de renda acessível 100% público proposto pelo BE”, considerou, defendendo que o financiamento deverá passar pelo aumento da taxa turística.

Quanto aos terrenos não municipais, “os promotores imobiliários devem ser obrigados a colocar no mercado no mínimo 25% das novas casas em arrendamento acessível”, defendeu, afirmando que tal é feito em cidades como Viena, Berlim ou Paris.

Carolina Serrão acusou Moedas de ter falhado nos transportes públicos, com uma Carris “mais lenta, menos fiável e muito mais cheia”, criticou a retirada de faixas para autocarros na capital e lamentou que o trânsito em Lisboa esteja “um inferno”.

“E falhou no essencial, na recolha do lixo. Lisboa está a viver uma autêntica crise do lixo. Moedas prometeu-nos unicórnios, mas afinal o que há são ratos e baratas“, acusou.

A suspensão da construção de novos hotéis, a redução do alojamento local e o fim do “turismo predatório e da poluição dos cruzeiros” são outras das causas dos bloquistas.

Carolina Serrão, que “nasceu, cresceu, estudou e trabalha” na capital, lamentou ter visto, nos últimos anos, muitos “vizinhos e conhecidos a seu expulsos de casa”, “imigrantes encostados à parede” ou “a padaria, o sapateiro, a loja dos pregos” a fechar.

Mortágua promete que “nada será como dantes”

Mortágua salientou, por seu turno, que vai ser preciso ouvir e mobilizar “moradores, associações, trabalhadores, ativistas pela habitação, ativistas pelo clima” e ainda “um programa que seja capaz de dar esperança aos lisboetas e convencer as pessoas que vivem em Lisboa que nada será como dantes“.

“Que o alojamento local é sim para controlar e que as casas são para viver, as casas são para morar e para pagar com o salário. A prioridade das prioridades é quem vive em Lisboa e menos do que fazer isto, ter este programa transformador de esperança, menos que isto, será muito pouco para o desafio que temos pela frente, que é de devolver Lisboa à sua gente”, advertiu.

Mortágua elencou várias das “conquistas” do BE na vereação da capital, como a criação de “um modelo para acolher pessoas em situação de sem-abrigo”, a “primeira linha municipal de apoio a vítimas de violência doméstica”, um programa de “manuais escolares gratuitos” e ainda “um plano para integrar imigrantes que Carlos Moedas agora despreza”.

A bloquista acusou ainda Moedas de ter agitado “as mentiras sobre a imigração e a criminalidade e fê-lo contra todas as evidências e os dados da PSP e da PJ”.

ZAP // Lusa

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