“Seis Triplo Oito”. O batalhão de afro-americanas que salvou o moral das tropas na 2.ª Guerra Mundial

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6888.º Batalhão do Diretório Postal Central

6888.º Batalhão do Diretório Postal Central.

Conhecido como “Seis Triplo Oito”, o 6888.º Batalhão do Diretório Postal Central foi responsável por entregar a correspondência aos soldados norte-americanos na Europa durante a 2.ª Guerra Mundial.

Durante a 2.ª Guerra Mundial, as tropas norte-americanas que estavam a combater na Europa não conseguiam receber a correspondência das suas famílias. Uma imensidão de cartas carregadas de mensagens de força e saudade empilhavam-se sem chegar ao seu desejado destino.

Ou era este o cenário até chegarem as mulheres do 6888.º Batalhão do Diretório Postal Central, apelidado de “Seis Triplo Oito”. Este batalhão do Corpo do Exército Feminino dos Estados Unidos contava com 855 mulheres afro-americanas, sendo o único que era totalmente composto por mulheres.

A sua história é ainda hoje pouco conhecida, mas a sua missão não era fácil: entregar a correspondência aos soldados norte-americanos. O seu lema era “sem correio, moral baixo”.

Em apenas três meses, estas mulheres conseguiram entregar cartas e encomendas que se acumularam ao longo de quase três anos. O “Seis Triplo Oito” precisou apenas de metade do prazo de seis meses que os líderes do Exército norte-americano tinham estabelecido.

Agora, escreve a CBS News, mais de 75 anos depois de completarem a sua missão, estas mulheres estão perto de receber a Medalha de Ouro do Congresso, uma das maiores honras civis do país. Um projeto de lei para conceder a Medalha de Ouro do Congresso foi aprovado no Senado e precisa de mais 32 votos na Câmara dos Representantes.

A confirmar-se, esta é uma vitória para estas guerreiras esquecidas e oprimidas. A vitória é para todas, embora apenas sete das 855 combatentes estejam hoje vivas.

As mulheres do 6888.º batalhão trabalharam entre racismo e sexismo para entregar a correspondência. A missão foi um sucesso, mas quando regressaram a casa, não houve nenhum desfile nem multidão para as receber.

A líder do batalhão, Charity Adams Earley, morreu em 2002. O seu filho, Stanley Earley, disse à CBS News que a sua mãe sempre se orgulhou do papel que desempenhou com as suas compatriotas durante a Segunda Guerra Mundial.

“Elas precisavam de ter sucesso porque a tarefa era crítica e porque elas eram o único batalhão negro enviado para o estrangeiro, e era importante que provassem que as pessoas estavam erradas”, sublinhou Earley.

As mulheres trabalharam nos hangares gelados do aeroporto de Birmingham, em Inglaterra, em turnos de oito horas, separando uma média de 65.000 cartas e encomendas por turno.

O ritmo era tão alto que até chegaram a rejeitar que um general inspecionasse o batalhão porque abrandaria a sua produtividade. O general ameaçou enviar um “primeiro-tenente branco” para lhe mostrar como comandar a unidade. “Só por cima do meu cadáver”, atirou Adams Earley.

Daniel Costa, ZAP //

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