A vantagem de não se chamar Le Pen: eis a “armadilha” Bardella

Jordan Bardella / Facebook

Jordan Bardella

Jordan Bardella deve vencer as eleições europeias em França. Tem apenas 28 anos mas lidera a União Nacional – e é “perigoso”.

Sebastião Bugalho surpreendeu ao ser nomeado cabeça-de-lista da AD para as eleições europeias. Um dos factores surpreendentes: tem 28 anos.

Mas, em França, há um candidato apenas dois meses mais velho e que pode também vencer: Jordan Bardella.

Nascido em Setembro de 1995, apareceu muito cedo na então Frente Nacional (hoje União Nacional); tinha apenas 16 anos. Aos 18 já era secretário – o mais novo de sempre no partido – e pouco depois assistente parlamentar.

Passou a vice-presidente aos 23 anos e já é presidente da União Nacional desde 2022. Sucedeu no cargo a Marine Le Pen.

Tem a vantagem de não se chamar Le Pen. Por isso, renova a extrema-direita“, resumiu Felisbela Lopes na RTP.

A comentadora política salienta a “eficácia da comunicação” do jovem político – que tem mais de 1 milhão de seguidores no TikTok, por exemplo, e que também tem sido visível nos debates para as europeias.

As sondagens mais recentes não deixam dúvidas: entre 31% e 32% para Jordan Bardella, praticamente o dobro dos 17% de Valérie Hayer (do partido do presidente Emmanuel Macron).

Bardella já sabe o que são eleições europeias: nas anteriores, em 2019, venceu as europeias, com uma margem muito escassa, e foi eleito para o Parlamento Europeu. Passou a ser o segundo eurodeputado mais jovem de sempre (a alemã Ilka Schröder foi eleita aos 21 anos).

Mas a revista Le Nouvel Obs avisa que Jordan Bardella é uma “armadilha”. É também um “símbolo da banalização da extrema direita“.

O candidato da União Nacional tem tentado “seduzir as elites económicas” mas “por detrás do rosto tranquilizador deste homem ambicioso, estão repetidamente o mesmo nacionalismo arcaico e a mesma xenofobia“, lê-se.

A revista também salienta a sua popularidade na opinião pública. E o “protegido” de Marine Le Pen atingiu agora “outra dimensão”.

Posições duvidosas

Já disse publicamente que é contra casamento entre homossexuais. Alegou que abriria uma porta para barrigas de aluguer e para a reprodução medicamente assistida. Mas salientou que é uma opinião pessoal, que não tentaria mudar leis.

Também já defendeu que se devia “cortar serviços sociais” para pessoas que chegam a França de forma ilegal. Refira-se que os seus pais, Olivier Bardella e Luisa Bertelli-Mota, nasceram em Itália e emigraram para França.

Noutro contexto, pretendia legalizar cannabis para ser usada em fins medicinais.

Inspira-se em Matteo Salvini, acha que o vice-primeiro-ministro de Itália é uma referência política.

Chegou a apoiar a Génération Identitaire, uma organização de extrema-direita que promovia violência e ódio racial – foram esses os motivos que originaram a sua extinção por parte do Governo.

O Facebook chegou a apagar publicações de Jordan Bardella e a retirar algumas partes da sua conta na rede social.

É um político “jovem, bonito e perigoso”, descreve a revista Veja. Parece uma “estrela rock”, quando tem direito a tantos “aplausos, abraços, gritinhos e incontornáveis selfies”.

França vive uma fase de muitos protestos e críticas a Macron, no meio de um clima social tenso. E a União Nacional será o partido que mais beneficia com este cenário.

Bardella e União Nacional tentam repetir um clima de insatisfação permanente entre os franceses, focando dois assuntos: o retrocesso no padrão de vida e os problemas criados por imigrantes.

Mesmo a nível interno, Bardella promete ser um abalo ao Governo de Macron. Se Marine Le Pen for a próxima presidente, Jordan Bardella deve ser o próximo primeiro-ministro.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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