Contra todas as expectativas, a Coreia do Norte tem uma banda de death metal, chamada Red War, com músicas anti-Ocidente que celebram o regime.
A expressão individual está muito longe da utopia na Coreia do Norte. O canal de YouTube da desertora norte-coreana Yeonmi Park mostra um pouco da realidade da cultura do país.
É possível ver canais de música militar controlados por Kim Jong-Un, unicamente compostos por mulheres, vestidas com uniformes, com canções a glorificar a ditadura.
“Pisando firmemente sobre os papéis da rendição do Diabo Yankee / Passando pela praça / Camaradas, com força, com força, com força / Que toda a terra trema com a nossa marcha adiante”, ouve-se numa das canções, citada pelo site Grunge.
Num país como a Coreia do Norte, em que a liberdade de expressão é seriamente limitada, não seria de esperar que houvesse uma banda de metal — mas a realidade é que há. Aliás, é uma banda de death metal. Conheça os Red War.
As letras das músicas de death metal podem abordar variados temas como a violência, religião, satanismo, misticismo e política. Podem também descrever atos extremos como mutilação, dissecação, tortura, violação, canibalismo e necrofilia.
A menos que, obviamente, esses músicos sejam ultranacionalistas pró-ditadura, que odeiam o Ocidente e veneram Kim Jong-Un.
Neste vídeo do YouTube estão compiladas três músicas dos Red War: “War With U.S.A” [Guerra com os EUA], “Stop Imperialism” [Parem o Imperialismo] e “Painful Hate Until Death” [Ódio Doloroso até à Morte].
O álbum digital da banda está até à venda no site Bandcamp, por apenas sete dólares. O disco é dedicado ao “eterno presidente Kim Il-sung”, que foi o líder da Coreia do Norte desde a fundação do país, em 1948, até à data da sua morte, em 1994.
Embora a qualidade da gravação da música esteja longe de ser a melhor, vários fãs de death metal revelam-se bastante surpreendidos com a qualidade da sua música. “Na realidade, eu não esperava que fosse tão bom quanto é”, lê-se num comentário no vídeo do YouTube.
Embora as músicas dos Red War tenham claramente uma conotação anti-Ocidente, não deixam de revelar um ato de coragem da banda. Principalmente tendo em conta que Kim Jon-Un executou pelo menos 23 pessoas na última década por ouvirem o “cancro depravado” do K-Pop.