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“Banco de Partilha Social” lança empregos, hortas e “anjos” em todo o país

SXC

foto: sxc

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Um grupo de jovens abre no primeiro dia de 2014 um “Banco de Partilha Social” que tem como objetivo criar em cinco anos 20 mil postos de trabalho e ao mesmo tempo apoiar milhares de idosos diariamente.

Os jovens pretendem socorrer-se das tecnologias de informação e convidam cada cidadão a abrir uma conta no Banco, de 20 euros por ano, cujo destino pode ser seguido diariamente através da página do Banco e que serão reembolsados depois em produtos hortícolas.

A ideia está a ser amadurecida há três anos e vai ser concretizada no início do ano quando o banco abrir portas (em www.bancodepartilha.org). Até lá, na mesma página, os organizadores pedem dois minutos a cada português para que respondam a um inquérito “ao espírito natalício”.

“O projeto nasce do olhar dos jovens sobre o país e a situação dos idosos. Nasce de ouvirmos os idosos e os jovens que querem trabalhar”, explicou à Lusa um dos mentores da iniciativa, Luís Figueiredo.

Basicamente, disse, pretende-se uma adesão em massa ao banco para que com esse dinheiro se possa criar uma rede nacional de jovens que tenham como emprego apoiar idosos a domicílio, os chamados “anjo da guarda social”, e ao mesmo tempo criar uma rede de hortas, para desempregados de longa duração, cujos produtos são depois vendidos em “hortas/shopping”.

Nos últimos três anos os seis jovens que vão abrir o banco contactaram autarquias e outras instituições públicas, falaram com universidades e empresas, ouviram desejos dos mais velhos, expectativas dos jovens, queixas de desempregados.

É por isso que Luís Figueiredo garante que há autarquias dispostas a ceder terrenos para cultivo, pessoas desempregadas que querem semear e vender, idosos que precisam de alguém que os ajude a ir ao médico e jovens dispostos a leva-los, e até uma empresa que venderá viaturas sem lucro para que o projeto funcione.

“Imagine que lhe pedem para poupar 20 euros apenas uma vez por ano para participar numa causa social nacional inédita, capaz de criar de norte a sul, milhares de novos postos de trabalho em diferentes iniciativas sociais. E que os seus 20 euros poupados voltam novamente para si em forma de produtos hortícolas e outros”, dizem os jovens na página na internet, onde explicam que o Banco é uma “forma simples de convocar os portugueses” para “um ato inédito de cidadania participativa”.

O entusiasmo de Luís Figueiredo parece ser contagiante: “queremos criar um caminho de cidadania participativa” com “uma poupança simbólica de 20 euros” cuja evolução se pode ir vendo “ao minuto” e vendo também a evolução dos postos de trabalho criados. “Faz toda a diferença as pessoas visualizarem a sua conta pessoal, isso é cidadania, é estar a participar pelo bem comum”.

O responsável vê na iniciativa outras possibilidades, como a de entrega de produtos hortícolas a domicílio, aproveitando a frota de veículos de apoio domiciliário, ou “mais à frente”, com o projeto mais amadurecido, a encomenda e compra de produtos em quiosques.

O serviço de “transporte social solidário” terá um custo, diz Luís Figueiredo explicando que será, contas redondas, um décimo do que custaria um serviço de táxi. E adianta estar a pensar em pessoas “há muito desempregadas, menos jovens” para hortas com dignidade, onde se fará uma estufa e uma instalação de apoio, um espaço pelo qual as pessoas “se apaixonem”.

Para tudo isso é preciso que os portugueses abram milhares de contas. E nem sequer têm logo de depositar os 20 euros, têm “um ano inteiro para o fazer”. “A única condição exigida é a de que acompanhem a conta”.

Já a partir de janeiro, diz, abrem as inscrições para os “agricultores” e para os “anjos sociais”. Em todo o país, porque o projeto quer-se nacional e à medida que o banco tenha dinheiro vai tentar distribuir hortas, “anjos” e viaturas por todo o país, de forma equilibrada.

Luís Figueiredo fala ainda entusiasmado de que é possível chegar rapidamente a 100 mil depositantes no banco, na verdade investidores porque nunca perdem o valor depositado. Mas o horizonte são os 10 milhões de portugueses.

Aos empregados promete um ordenado que oscilará entre os 650 e os 1250 euros, aos futuros depositantes garante que o Banco não tem filiação política, religiosa ou qualquer outra, querendo apenas apoiar pessoas a “trabalhar e ter a sua dignidade”.

E isso faz-se de uma forma tão simples, de acordo com o entusiasmo de Luís: “os noticiários estão cheios de reportagens sobre os problemas dos idosos, sobre o desemprego, sobre os jovens. Passamos a vida nas redes sociais a protestar. Não seria mais interessante partir para atitudes concretas? E que tal fazer acontecer?”

/Lusa

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