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As bactérias têm relógios internos (tal como nós)

Uma equipa de cientistas respondeu recentemente a uma pergunta biológica de longa data: Tal como os seres humanos, as bactérias têm relógios internos que se alinham com o ciclo de vida de 24 horas na Terra e são regulados pelos mesmos ritmos circadianos.

Os investigadores detetaram ritmos circadianos na bactéria não fotossintética Bacillus subtilis, utilizando a enzima luciferase, que permite que os cientistas vejam o quão ativo um gene está dentro de um organismo. O artigo científico com os resultados foi publicado no dia 8 de janeiro na Science Advances.

A equipa concentrou-se em dois genes chamados ytvA, que codificam um fotorreceptor de luz azul, e uma enzima chamada KinC, envolvida na indução da formação de biofilmes e esporos na bactéria.

Desta forma, os cientistas conseguiram observar os níveis dos genes no escuro constante em comparação com ciclos de 12 horas de luz e 12 horas de escuridão.

Segundo o Interesting Engineering, o padrão dos níveis de ytvA foi ajustado para o ciclo de luz e escuridão e os níveis aumentaram durante o escuro e diminuíram com a luminosidade. Além disso, os cientistas conseguiram observar um ciclo na escuridão constante.

Os cientistas também chegaram à conclusão de que demorou vários dias até que um padrão estável aparecesse, e que esse padrão poderia ser revertido se as condições fossem também revertidas. Estas duas observações são características comuns dos ritmos circadianos.

“Descobrimos, pela primeira vez, que bactérias não fotossintéticas podem dizer que horas são. Elas adaptam o seu funcionamento molecular à altura do dia“, explicou Martha Merrow, cientista da Ludwig Maximilians University, em Munique.

“Queremos usar as bactérias como um sistema-modelo para entender os mecanismos do relógio circadiano. As ferramentas de laboratório para esta bactéria são excelentes e devem permitir um progresso rápido”, acrescentou a investigadora.

Estudos anteriores mostraram que as bactérias fotossintéticas, que requerem luz para produzir energia, têm relógios biológicos. No entanto, as bactérias não fotossintéticas continuavam a ser um mistério para os cientistas. Pelo menos, até agora.

Liliana Malainho, ZAP //

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