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Descoberta de bactérias comedoras de metano numa árvore comum pode ser boa notícia

Geoff Derrin / Wikimedia

Flor de Melaleuca quinquenervia

A descoberta de bactérias que “comem” metano numa árvore australiana comum pode ser uma boa notícia no desafio de reduzir a emissão de gases com efeito de estufa.

As árvores são os pulmões da Terra, uma vez que retiram e retêm grandes quantidades de dióxido de carbono da atmosfera. Mas estudos emergentes estão a mostrar que as árvores também podem emitir metano e, atualmente, não se sabe exatamente quanto.

Isto pode ser um grande problema, visto que o metano é um gás com efeito de estufa cerca de 45 vezes mais potente do que o dióxido de carbono no que toca ao aquecimento do planeta.

No entanto, numa descoberta publicada recentemente na revista Nature Communications, os autores encontraram comunidades únicas de bactérias comedoras de metano a viver dentro da casca de uma espécie comum de árvore australiana: o niaouli (Melaleuca quinquenervia).

Estas comunidades microbianas eram abundantes, prosperavam e mitigavam cerca de um terço das emissões substanciais de metano do niaouli que, de outra forma, teria ido parar à atmosfera.

Como a investigação sobre o metano das árvores ainda é relativamente recente, há muitas questões que precisam de ser respondidas, mas esta descoberta ajuda a preencher essas lacunas críticas e mudará a maneira como vemos o papel das árvores no ciclo global do metano.

Em alguns casos, as emissões de metano das árvores são significativas. Por exemplo, a bacia amazónica tropical é a maior fonte natural de metano do mundo. As árvores são responsáveis por cerca de 50% das suas emissões de metano.

Para este novo estudo, os cientistas usaram técnicas de extração microbiológica para tirar amostras das diversas comunidades microbianas que vivem dentro das árvores.

Os investigadores descobriram que a casca das árvores do niaouli fornece um lar exclusivo para bactérias oxidantes de metano – bactérias que “consomem” metano e o transformam em dióxido de carbono, um gás com efeito de estufa muito menos potente.

Notavelmente, essas bactérias constituíam até 25% do total de comunidades microbianas que vivem na casca e consumiam cerca de 36% do metano da árvore. Parece que estes micróbios adoram ambientes escuros, húmidos e ricos em metano.

Essa descoberta vai revolucionar a maneira como vemos as árvores que emitem metano e os estranhos micróbios que vivem dentro delas.

Apenas entendendo por quê, como, qual, quando e onde as árvores emitem mais metano, podemos plantar estrategicamente florestas com árvores que consomem dióxido de carbono e, ao mesmo tempo, evitam emissões indesejadas de metano.

A descoberta de que micróbios que vivem em cascas de árvores podem mitigar emissões substanciais de metano das árvores complica esta equação, mas fornece alguma garantia de que os microbiomas evoluíram dentro das árvores para também consumir metano.

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