Bactéria marinha de jovens cientistas portugueses gera fios de seda para curar lesões ósseas

ZAP // NightCafe Studio

Um projecto que usa uma bactéria marinha para regenerar tecido ósseo vai esta semana levar uma jovem equipa portuguesa a um concurso de ciência, em Bruxelas.

A competição europeia é uma “uma mostra anual da melhor investigação desenvolvida por estudantes europeus pré-universitários”, explica Rita Rocha, a orientadora de um projecto que também produz hidrogénio que pode ser utilizado como fonte de energia verde.

Chama-se “Spider-BacH2” e é uma investigação que quer contribuir para mitigar um problema de saúde global, a osteoporose, resultante, por um lado, do aumento da longevidade da população humana e, por outro, de estilos de vida cada vez mais sedentários.

O projecto consiste na produção de seda de teia de aranha com capacidade de regenerar tecido ósseo, através do uso de uma bactéria marinha, a “rhodovulum sulfidophilum”.

“Spider-BacH2” é assinado por Inês Cerqueira, Afonso Nunes e Mário Onofre, de 17 anos, alunos do Colégio Luso-Francês, no Porto, orientados pela professora de Biologia e Projecto Rita Rocha.

“Os alunos pegaram numa bactéria marinha comum e introduziram-lhe uma sequência genética que faz com que este microrganismo produza células ósseas que podem ser introduzidas no corpo humano e regenerar lesões ósseas ou tecidos fragilizados devido, por exemplo, à osteoporose”, explica Rita Rocha.

“Como resultado deste processo, a bactéria produz hidrogénio que pode ser utilizado como fonte de energia verde. Esta bactéria marinha está a imitar o processo que as aranhas fazem quando produzem fio de seda, mas a uma velocidade muito superior”, acrescenta a investigadora.

“Para os alunos é o reconhecimento de um ano de trabalho. Além de partilharem ideias e se inspirarem com inúmeros colegas finalistas de outros países, os alunos vêem esta participação como uma oportunidade de iniciarem uma carreira na área académica nas Ciências, agora que se preparam para entrar na faculdade”, conclui a professora.

Rita Rocha

Mário Onofre, Afonso Nunes e Inês Cerqueira, mentores do projecto SPIDER-BACH2

O projecto já venceu, a nível mundial, o concurso Xylem Global Student Innovation Challenge, promovido por uma multinacional tecnológica que desenvolve soluções para o abastecimento, tratamento e gestão da água a nível mundial.

A distinção incluiu um prémio monetário no valor de 5000 dólares e um prémio adicional de 1000 dólares a doar a uma instituição humanitária à escolha dos alunos.

Além disso, Inês, Afonso e Mário vão poder começar as próximas etapas do projecto, com mentoria dessa multinacional, num estágio laboratorial de seis meses para procurarem uma solução com potencial de mercado.

// RFI

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