Bactéria comum do estômago ligada a risco de Alzheimer

ZAP // Dall-E-2

Bactéria Helicobacter pylori (conceito artístico)

Uma infeção bacteriana comum que causa problemas de estômago a dois terços da população mundial pode estar também a aumentar o risco de desenvolvimento da doença de Alzheimer.

Uma equipa de investigadores da Universidade McGill, no Canadá, descobriu que a bactéria Helicobacter pylori (H. pylori) aumenta as probabilidades de surgimento da doença de Alzheimer em mais de 10% entre adultos mais velhos.

A H. pylori causa infeções bacterianas que provocam indigestão, gastrite e úlceras. É considerada das infeções mais frequentes em todo o mundo e, em Portugal, estima-se que cerca de 60 a 70% da população esteja infetada.

Segundo a equipa de investigadores, esta bactéria pode mesmo contribuir para o desenvolvimento de cancro do estômago.

No seu novo estudo, os investigadores examinaram possíveis ligações entre estas infeções estomacais e o seu impacto no cérebro.

Os investigadores analisaram dados de saúde de mais de quatro milhões de pessoas no Reino Unido, com mais de 50 anos, e concluíram que os que apresentavam sintomas de infeção por H. pylori tinham um risco 11% maior de desenvolver Alzheimer — a forma mais comum de demência em todo o mundo.

Embora tenham nos últimos anos sido aprovados novos tratamentos contra o Alzheimer, não há uma cura definitiva para a doença.

“Dado o envelhecimento da população global, espera-se que os números de demência tripliquem nos próximos 40 anos. No entanto, continua a haver falta de opções de tratamento eficazes para esta doença”, diz Paul Brassard, investigador da McGill e autor principal do estudo, num comunicado da universidade.

“Esperamos que as nossas descobertas forneçam uma visão sobre o possível papel da H. pylori na demência, de modo a permitir o desenvolvimento de novas estratégias de prevenção, como programas de erradicação individualizados, para reduzir as infeções a nível populacional”, acrescenta Brassard.

O novo estudo, publicado este mês na Alzheimer’s & Dementia: The Journal of the Alzheimer’s Association, sugere assim que a próxima batalha no combate ao  Alzheimer pode travar-se no estômago, e não no cérebro.

Armando Batista, ZAP //

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