Identificadas pela primeira vez estirpes de bactéria que afetam gravemente agricultura em Portugal

Paulo Zaini

Xylella fastidiosa

Várias estirpes da bactéria Xylella fastidiosa, associada à doença de Pierce, são um risco para a agricultura nacional.

Uma investigação da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) isolou, pela primeira vez em Portugal, várias estirpes da bactéria Xylella fastidiosa.

Xylella fastidiosa é considerada, pela Comissão Europeia, uma praga de quarentena prioritária, com impactos económicos estimados em mais de 5,5 mil milhões de euros por ano, na União Europeia.

Essa bactéria está associada à doença de Pierce – que é um elevado risco para a agricultura nacional.

O estudo, recentemente publicado na revista Phytopatology, revela a origem da introdução da bactéria e reforça a necessidade de vigilância desta doença, que pode afetar gravemente culturas como a vinha e o amendoal.

A bactéria está presente em quase 20 áreas demarcadas em Portugal, sobretudo nas regiões Norte e Centro.

Agora, um grupo de investigadores da FCTUC isolou, pela primeira vez em território nacional, a subespécie fastidiosa ST1.

“Este é um contributo científico crucial para compreender o risco real da presença da bactéria em Portugal. A estirpe que identificámos, pertencente ao ST1, um tipo genético específico, está associada a doenças graves em vinhas na Califórnia”, realça a autora principal do estudo, Joana Costa, em comunicado enviado ao ZAP.

“A sua presença levanta preocupações para o futuro das culturas portuguesas”, acrescenta a investigadora.

Os investigadores isolaram as estirpes na região da Cova da Beira, uma das principais zonas fruteiras do país; os resultados genómicos sugerem uma única introdução da bactéria em Portugal, com origem genética associada à Califórnia.

As plantas afetadas incluem espécies cultivadas e silvestres, o que reforça a importância da vegetação espontânea como possível reservatório da bactéria.

O estudo indica uma única introdução da bactéria em Portugal com origem na Califórnia; mas os investigadores vão procurar um ‘hiato temporal’ (entre 3 e 23 anos) na história da estirpe no nosso país – a sua data precisa de introdução e dispersão inicial ainda não está definida.

ZAP //

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