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Humanos com corações de porco? Experiência com babuínos traz nova esperança

Dan Shouse / Flickr

Há uma nova esperança para transplantes cardíacos de órgãos de porcos em seres humanos. Uma investigação acaba de provar que é possível transplantar, de forma eficaz, corações de porcos para babuínos.

Uma equipa de cientistas da Universidade de Munique, na Alemanha, conseguiu que dois babuínos sobrevivessem três meses com o coração transplantado de um porco no peito. Outros dois chegaram aos seis meses de vida.

Os resultados, agora publicados na revista Nature, mostram que este poderá ser um modelo eficaz para converter, no futuro, os porcos numa fonte para transplantes cardíacos em humanos, dado que mais do que triplica o recorde anterior de 57 dias de sobrevivência.

Se, por um lado, esta experiência se traduz numa esperança para a escassez de órgãos; por outro, é extremamente difícil fazer funcionar um órgão de uma espécie noutra.

Por este motivo, explica o Diário de Notícias, a equipa tomou várias medidas para garantir o sucesso da experiência. Em primeiro lugar, recorreram a porcos geneticamente modificados para garantir semelhanças entre os seus corações e os dos babuínos, para que não fossem rejeitados pelo sistema imunitário.

Além disso, os cientistas tiveram de suprimir as defesas dos primatas para assegurar uma boa recetividade do coração e para garantir que não se iriam registar quaisquer infeções perigosas.

Foram ainda tomados alguns passos fundamentais para o sucesso dos transplantes e que estão relacionados com a manutenção da integridade do órgão. Desta forma, em vez de conservarem os órgãos no frio, bombearam uma solução refrigerada com sangue oxigenado, nutrientes e hormonas.

Na primeira fase da experiência, os cientistas concluíram que os corações de porcos cresciam dentro do peito dos babuínos até lhes causar a morte. Para evitar a hipertrofia, reduziram a pressão sanguínea dos babuínos até alcançarem um nível estável e fizeram-lhes tratamentos farmacológicos e hormonais.

Dos 16 babuínos que participaram nesta experiência, dois viveram saudáveis durante 90 dias (o período limite da experiência) e os outros dois foram mantidos vivos por seis meses, antes de serem submetidos a eutanásia.

Estas técnicas usadas pelos cientistas da Universidade de Munique poderão um dia vir a ser aplicadas em transplantes em seres humanos, colmatando a escassez de dadores no futuro.

ZAP //

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