Os acidentes rodoviários só acontecem aos outros, porque só os outros conduzem de forma arriscada? Para desmistificar esta ideia e ajudar a reduzir o número de acidentes nas estradas portuguesas, um grupo de estudantes da Universidade de Aveiro (UA) desenvolveu uma aplicação que permite aos condutores saberem em tempo real qual o risco de terem um acidente.
A app Risco Sobre Rodas conjuga ao segundo dezenas de factores, como a idade do condutor, as horas de descanso, a velocidade a que segue, o tipo de veículo, as condições meteorológicas ou o histórico de acidentes em cada metro da estrada que conduz, e durante toda a viagem informa os passageiros o quão distantes ou próximos estão de se arriscar a marcar presença nas estatísticas dos acidentes rodoviários.
Pensado e criado por seis estudantes do 3º ano do curso de Engenharia de Computadores e Telemática do Departamento de Electrónica, Telecomunicações e Informática (DETI), a app gratuita informa o condutor sobre o nível de risco a que está exposto através não só de cores – a verde representa um risco baixo, a amarela um risco médio e a vermelha um risco elevado – como também de uma escala de zero a 100, sendo que o zero representa um risco nulo e o 100 um aviso muito sério. Para ajudar a consciencializar o condutor de que está num contexto de risco elevado, ou seja, na passagem de amarelo para vermelho, a app emite um som de alerta.
“Os factores considerados para o cálculo do risco são não só intrínsecos ao utilizador como externos”, explica João Santos, um dos estudantes que, juntamente com os colegas João Flora, Duarte Horta, Sara Loureiro, Ana Rodrigues e Ana Madalena Barbosa, criou a app.
Se, no que diz respeito ao condutor, a app tem em conta dados como o sexo, a idade, os eventuais problemas de visão ou o número de horas que trabalhou e dormiu, em relação aos factores externos o Risco Sobre Rodas analisa, por exemplo, a velocidade, o tipo de veículo, as condições meteorológicas, o histórico de acidentes dos locais por onde vai circulando o veículo, os acidentes que existam nas proximidades, assim como estatísticas temporais e espaciais dos últimos anos de acidentes nas estradas portuguesas.
Por isso, esclarece João Santos, “duas pessoas terão sempre perfis de risco bastante diferentes e os próprios factores de risco variam até consoante o dia e a hora”.
Instalar a aplicação é simples: basta “conduzir” até à Play Store da Google.
Para além da aplicação móvel, os estudantes desenvolveram ainda um site que permite ao utilizador ver o seu histórico de viagens, incluindo mapas dos trajectos dos percursos já realizados com as cores associadas ao risco a que esteve exposto, assim como estatísticas pessoais tendo em conta os dados das viagens feitas e ainda estatísticas gerais diárias e anuais relativas aos acidentes rodoviários em Portugal.