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Austrália eleva para 18 o número de mortos nos incêndios. Milhares de turistas fogem da costa

Paulo Cunha / Lusa

Pelo menos 18 pessoas morreram nos incêndios florestais na Austrália, segundo um novo balanço. As autoridades preveem o agravamento das condições meteorológicas no sábado.

“Há uma forte possibilidade de que as condições no sábado sejam tão más ou piores do que aquelas que vimos”, afirmou o comissário adjunto do serviço de combate a incêndios rurais de Nova Gales do Sul, Rob Rogers.

Os apelos são para as pessoas saírem das áreas assinaladas antes de sábado, dia em que se esperam fortes rajadas de vento e temperaturas acima dos 40°C.

De acordo com as autoridades, mais de 400 casas foram destruídas pelos fogos em Nova Gales do Sul e no estado vizinho de Vitória, os mais populosos da Austrália e onde continuam ativos mais de 200 incêndios.

Em Nova Gales do Sul, as autoridades ordenaram os turistas a abandonar uma área de 250 quilómetros ao longo da costa. O responsável pelos transportes daquele estado, Andrew Constance, disse ser “a maior deslocalização em massa de pessoas para fora” da região.

A chefe do Governo estadual, Gladys Berejiklian, declarou um estado de emergência de sete diaspara permitir a retirada forçada de pessoas a partir de sexta-feira. Cerca de 50 mil habitações continuam sem eletricidade.

“Não tomamos esse tipo de decisão de ânimo leve, mas queremos garantir que são tomadas todas as medidas necessárias para nos prepararmos para o que pode ser um sábado horrível“, explicou Berejiklian.

Navios para resgatar habitantes

Em Vitória, onde 68 casas arderam esta semana, militares estão a ajudar milhares de pessoas que fugiram para a costa devido aos incêndios que ameaçavam as suas habitações, na cidade costeira de Mallacoota.

Dois navios chegaram esta manhã à cidade, onde as pessoas estão, desde terça-feira, refugiadas na praia para fugir às chamas. Num primeiro momento, deverão ser retiradas até quatro mil pessoas, mas as operações podem durar várias semanas, segundo as autoridades.

“Estimamos que cerca de três mil turistas e mil habitantes estejam lá. Nem todos vão querer partir, nem todos podem entrar no navio de uma só vez”, disse o chefe de Governo de Vitória, Daniel Andrews, citado pela imprensa local.

O comandante da Força de Combate a Incêndios do estado de Victoria, Doug Laidlaw, explicou que as pessoas devem começar a chegar aos navios na sexta-feira de manhã e sublinhou que as crianças, os doentes e os idosos têm prioridade.

Esta crise sem precedentes provocou protestos para exigir ao Governo medidas imediatas contra o aquecimento global, que os cientistas dizem ser a causa destes incêndios, mais longos e mais violentos do que nunca.

O primeiro-ministro, Scott Morrison, que renovou recentemente o seu apoio à lucrativa e altamente poluente indústria de carvão australiana, tem sido fortemente criticado. No seu discurso de Ano Novo, advertiu que esta crise pode durar meses, mas tentou lançar uma mensagem de otimismo.

“Há uma coisa que podemos sempre celebrar na Austrália, que é o facto de vivermos no país mais fantástico do mundo. E o maravilhoso espírito australiano que nos faz ultrapassar todos os desafios que enfrentamos. Teremos sempre uma perspetiva otimista a olhar o futuro”, afirmou Scott Morrison, citado pelo jornal Público.

Filho de bombeiro morto recebe medalha póstuma

Segundo o Observador, o filho de 19 meses de Geoffrey Keaton, um dos bombeiros que morreram durante o combate aos incêndios, recebeu, esta quinta-feira, uma medalha póstuma em nome do pai.

A homenagem foi realizada durante o funeral e a cerimónia ficou marcada pela imagem da criança, ainda de chupeta na boca, a receber o louvor póstumo pelas mãos do comissário do Corpo de Bombeiros do estado de Nova Gales do Sul, Craig Fitzsimmons.

Dezenas de bombeiros presentes na cerimónia formaram uma guarda de honra aquando da entrada do carro funerário no cemitério. O primeiro-ministro também esteve presente.

O início precoce e devastador dos incêndios florestais, este verão, levou as autoridades a classificar esta temporada como a pior de que há registo. Cerca de cinco milhões de hectares de terra arderam, pelo menos 18 pessoas morreram, 17 ainda continuam desaparecidas e mais de 1.300 casas foram destruídas.

O fumo dos incêndios colocou a qualidade do ar na capital, Camberra, como a pior do mundo no primeiro dia de 2020.

ZAP // Lusa

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