Uma equipa de cientistas criou auriculares que identificam a atividade cerebral associada ao relaxamento e à sonolência.
A condução sob efeito do sono contribui para centenas de acidentes de viação fatais todos os ano e cada vez é mais importante arranjar medidas para travar essas consequências.
Num novo estudo, publicado a semana passada na Nature Communications, investigadores da UC Berkeley mostraram que a sua plataforma Ear EEG é suficientemente sensível para detetar ondas alfa, um padrão de atividade cerebral que aumenta quando se fecham os olhos ou se está prestes a adormecer.
Segundo um comunicado da universidade, estes auriculares detetam as ondas cerebrais da mesma forma que um eletroencefalograma (EEG), um teste que mede a atividade elétrica no cérebro.
Enquanto a maioria dos EEGs deteta as ondas cerebrais utilizando uma série de elétrodos ligados à cabeça, os auriculares fazem-no utilizando elétrodos incorporados que são concebidos para entrar em contacto com o canal auditivo.
“Acreditamos que esta tecnologia traz diversas potenciais utilizações e que a classificação da sonolência é um bom indicador de que a tecnologia pode ser utilizada para classificar o sono e até diagnosticar distúrbios do sono“, realça a autora principal do estudo, Rikky Muller.
Para obter um EEG preciso, os elétrodos têm de fazer um bom contacto com a pele, situação que é fácil de conseguir nos EEGs tradicionais, que utilizam elétrodos metálicos planos colados ao couro cabeludo.
No entanto, é complicado conceber um auricular que se adapte bem, e confortavelmente, a uma grande variedade de tamanhos e formas de orelhas.
Este auricular foi fabricado em três tamanhos — pequeno, médio e grande.
O novo design aplica uma ligeira pressão para fora do canal auditivo e utiliza eletrónica flexível para garantir um ajuste confortável. Os sinais são lidos através de uma interface eletrónica personalizada, de baixo consumo e sem fios.
No decorrer do estudo, os cientistas pediram a nove voluntários que usassem os auscultadores enquanto realizavam uma série de tarefas aborrecidas numa sala escura. De tempo a tempo, pediam aos voluntários que avaliassem o seu nível de sonolência e os seus tempos de resposta eram medidos.
“Descobrimos que, mesmo quando a qualidade do sinal dos auriculares é pior, conseguimos classificar o início da sonolência com o mesmo nível de precisão que sistemas muito mais complicados e volumosos”, conclui o primeiro autor do estudo, Ryan Kaveh.
Por fim, os cientistas vão continuar a aperfeiçoar a nova tecnologia e a explorar outras potenciais aplicações do dispositivo, que pode registar sinais para além do EEG, como batimentos cardíacos, movimentos oculares e apertos do maxilar.