Aumento dos casos de tosse convulsa em Portugal preocupa DGS

Os casos de tosse convulsa – que afeta sobretudo crianças e bebés – dispararam em Portugal, nos últimos meses. As autoridades de saúde recomendam que não se ignore a vacinação.

A Direção-Geral de Saúde (DGS) revelou que Portugal registou 200 casos de tosse convulsa nos primeiros quatro meses de 2024, quando em todo o ano anterior tinha registado 22.

O aumento dos casos de tosse convulsa verificou-se igualmente em toda a Europa.

Entre o início de 2023 e abril deste ano registaram-se 10 vezes mais casos da doença nos países da União Europeia (UE) e do Espaço Económico Europeu (EEE – mais Noruega, Islândia e Liechtenstein) do que em 2022 e 2021, indica um relatório da agência de saúde europeia divulgado esta quarta-feira.

Em resposta escrita à Lusa, a DGS refere que “a maioria dos casos confirmados [de tosse convulsa] ocorreu em idade pediátrica (86%), sobretudo em crianças entre os 10 e 13 anos (21%) e com idade inferior a 1 ano (20%)”.

De acordo com o ECDC, os doentes de maior risco são os bebés com menos de seis meses, não imunizados ou apenas parcialmente. Além disso, “a maioria das hospitalizações e mortes relacionadas” com a doença ocorre “nesta vulnerável faixa etária”.

Além destes, os mais velhos e os que têm problemas de saúde também têm um maior risco de doença grave e hospitalização.

A tosse convulsa é uma doença altamente transmissível. Transmite-se através de gotículas de saliva expelidas pelos espirros ou tosse e pelo contacto com objetos contendo secreções do doente, sendo o período de contágio mais intenso na primeira semana em que se manifestam os sintomas.

O estudo reitera a necessidade de proteger as crianças.

Vacinação é fundamental

Em comunicado, a agência europeia assinala que a tosse convulsa continua a ser um problema de saúde pública, dado a doença ser “endémica na UE/EEE e em todo o mundo e causar epidemias significativas a cada três a cinco anos, mesmo em países com uma cobertura vacinal elevada”, como é o caso de Portugal.

Em 2023, adiantou a DGS, “a cobertura vacinal da 5.ª dose de vacina combinada contra o tétano, difteria e tosse convulsa atingiu os 95% [em Portugal] e estima-se que 85% das mulheres grávidas elegíveis tenham sido vacinadas”.

“O aumento do número de casos de tosse convulsa em toda a Europa mostra a necessidade de se estar vigilante. É uma doença grave, especialmente em bebés”, afirma a comissária europeia da Saúde, citada no comunicado do ECDC.

Stella Kyriakides lembrou que existem “vacinas seguras e eficazes” para prevenir a doença e que “a vacinação é a principal ferramenta para ajudar a salvar vidas e impedir que a doença se espalhe ainda mais”.

 

A agência europeia de saúde recomenda que os países reforcem os programas de vacinação e mantenham uma elevada cobertura vacinal.

Além disso, a imunização contra a tosse convulsa durante o segundo e terceiro trimestres da gravidez é altamente eficaz na prevenção de doença e morte entre os recém-nascidos.

A maioria dos países da UE/EEE recomenda agora essa imunização materna, além do programa de vacinação infantil de rotina.

Entre as medidas de saúde pública a aplicar, a DGS pediu “a testagem dos casos possíveis ou prováveis de tosse convulsa, a partir das secreções nasofaríngeas”, reiterando a “necessidade de vacinação de todas as grávidas que tenham critérios de elegibilidade”.

ZAP // Lusa

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