A auditoria ao Novo Banco será divulgada com informação truncada, estando os serviços do Parlamento a avaliar as partes abrangidas por segredo, mas os deputados têm acesso integral através de um software específico, segundo o presidente da comissão de Orçamento.
Filipe Neto Brandão disse à agência Lusa que o relatório da auditoria ao Novo Banco (realizada pela consultora Deloitte) foi remetido pelo governo ao presidente da Assembleia da República com a menção de que é confidencial.
Assim, explicou, os deputados têm acesso integral ao documento, mas através de computadores que tenham um software de proteção da informação digital classificada, que rastreia a consulta.
Sobre a divulgação pública do documento, o presidente da comissão parlamentar de Orçamento e Finanças disse que determinou que os serviços jurídicos identifiquem as partes protegidas pelo sigilo bancário ou outro que justifiquem a confidencialidade para que o resto do relatório seja divulgado no site do Parlamento para conhecimento público.
O deputado do PS estimou que tal aconteça a “curto prazo”.
A auditoria aos atos de gestão dos últimos 18 anos do BES/Novo Banco já está com a Procuradoria-Geral da República (PGR). De acordo com o Jornal Económico, o relatório com cerca de 400 páginas seguiu para o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), que investiga os crimes económicos e financeiros de elevada complexidade.
A auditoria da Deloitte aos atos de gestão do BES/Novo Banco refere-se ao período entre 2000 e 2018 (ou seja, abarcando quer o período antes quer depois da resolução do BES e criação do Novo Banco), decorre desde o ano passado e deveria ter ficado concluída em julho, tendo sido entregue hoje ao governo.
Esta auditoria já foi motivo de confronto político, desde logo em maio último, entre o primeiro-ministro, António Costa, o então ministro das Finanças, Mário Centeno, e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, depois de o chefe do governo ter dito que a injeção de capital no Novo Banco só seria feita depois de conhecida a auditoria quando essa injeção já tinha sido realizada (no valor de 1035 milhões de euros).
Já em junho e julho, foram divulgados pela imprensa negócios de venda de ativos do Novo Banco que motivaram desconfiança dos vários quadrantes políticos e, em julho, o governo disse que o Novo Banco não deveria realizar novas operações de venda de carteiras de ativos até a auditoria ser conhecida.
Esta madrugada, o Ministério das Finanças disse, em comunicado, que recebeu o relatório da auditoria externa e que esse “será remetido à Procuradoria-Geral da República, considerando as competências constitucionais e legais do Ministério Público”.
Segundo o governo, o relatório revela perdas líquidas de 4.042 milhões de euros no Novo Banco (entre 4 de agosto de 2014, um dia após a resolução do BES, e 31 de dezembro de 2018) e “descreve um conjunto de insuficiências e deficiências graves” no BES, até 2014, na concessão de crédito e investimento em ativos financeiros e imobiliários.
Nascido na resolução do BES (em 3 de agosto de 2014), 75% do Novo Banco foi vendido em outubro de 2017 ao fundo de investimento norte-americano Lone Star, mantendo o Fundo de Resolução bancário 25%, numa solução acordada entre Banco de Portugal e governo.
Desde então e até hoje, o Fundo de Resolução já injetou 2.976 milhões de euros e ainda poderá colocar mais de 900 milhões de euros, valores que em cada ano têm impacto nas contas públicas uma vez que o Fundo de Resolução é uma entidade da esfera do Estado.
ZAP // Lusa
A partir do momento em que os portugueses são chamados a financiar os prejuízos para além de suportar os custos da auditoria, nenhuma peça da auditoria pode ser de carácter sigiloso!
O público, a grande maioria analfabetos e sem verem um boi à frente deles, mas é preciso esconder muitas matrafices que constam da auditoria, não vá o Diabo tecê-las.