A Câmara de Vila Real divulgou esta segunda-feira as conclusões da auditoria à Empresa Municipal de Água e Saneamento (EMAR) que revelam um cenário “demolidor” e “caótico” e um prejuízo que pode ascender os 14,5 milhões de euros.
“O nosso pior cenário foi largamente ultrapassado. Nós nunca imaginamos, mesmo tendo uma noção que pensávamos real da empresa, que a situação fosse tão caótica na EMAR”, afirmou o presidente do município, o socialista Rui Santos, em conferência de imprensa.
Pouco tempo depois de tomar posse, o novo executivo da Câmara de Vila Real revelou estar muito preocupado com a situação financeira da empresa municipal e anunciou a realização de uma auditoria externa, cujos resultados foram hoje divulgados.
Segundo Rui Santos, as “conclusões são demolidoras” e apontam para um prejuízo que pode ascender aos 14,5 milhões de euros.
Em 2013, ao passivo de cerca de 8,1 milhões de euros, a empresa juntou um resultado liquido negativo de 347 mil euros e acumulou mais 4,5 milhões de euros de resultados transitados negativos, o que indica um deficit de exploração acumulado.
A estes valores podem acrescentar-se mais 1,5 milhões de euros relativos a um processo contencioso com a empresa intermunicipal Águas de Trás-os-Montes e Alto Douro.
E, por tudo isto, o autarca mostrou-se “surpreendido pela negativa” com os resultados da auditora, que apontaram ainda falhas a nível da gestão e organização da empresa.
A investigação revelou ainda que existem 1,1 milhões de euros que não foram cobrados de água consumida.
Por todo o concelho existem 2.555 contadores a zero, ou seja, que, pelas mais variadas razões, não estão a contabilizar a água consumida.
O vereador responsável pela empresa, Carlos Silva, salientou que a EMAR, que nasceu dos antigos serviços municipalizados, “não se empresarializou” e revela uma “disfunção” e um “desajuste” do ponto de vista organizacional.
Neste momento, a empresa possui dois cargos de chefia de direção para 103 colaboradores, enquanto a câmara possui também dois diretores de serviços mas para 400 funcionários.
A auditoria revelou ainda que “não estão claramente definidas as atribuições de funções e responsabilidades a cada colaborador, que o subsídio pago em dinheiro é superior ao limite que determina o pagamento de IRS e Segurança Social desse valor ou que o subsídio de refeição não tem um valor uniforme para todos os colaboradores.
“Agora é preciso gerir com parcimónia, é preciso agir na área das perdas na rede, alterando contadores, fazendo com que todos paguem para que todos possamos pagar menos. Há uma série de áreas onde temos e devemos agir no sentido de dar músculo a esta empresa”, afirmou o presidente.
O vereador acrescentou que vai ser agora necessário reajustar a orgânica da EMAR, reduzir, por exemplos, nos subsídios de disponibilidade bem como potenciar os ativos da organização, como a Barragem do Alvão.
Apesar das dificuldades, Rui Santos garantiu que vai cumprir a promessa eleitoral de baixar a fatura da água no início do próximo ano.
/Lusa