A Apple lançou um catálogo de livros totalmente narrados pela voz de uma inteligência artificial.
Segundo o jornal The Guardian, a empresa já ensaiava o projeto desde novembro, mas resolveu adiar devido aos problemas do setor de tecnologia, como as demissões na Meta e a compra do Twitter.
O Apple Books agora conta com o filtro chamado AI narration (Narração por IA, em português) para exibir todas as obras compatíveis com a tecnologia.
Segundo a descrição da empresa, todos esses livros ali listados são lidos “por voz digital com base num narrador humano“.
Todo o custo de produção do audiobook foi arcado pela Apple e cada escritor vai receber uma percentagem de royalties pelas vendas.
Os editores envolvidos assinaram acordos de não divulgação para preservar o sigilo do projeto, embora já possam falar.
Os livros narrados pela IA são marcados com o nome “Narrated by Apple Books” (“Narrado pelo Apple Livros”, em tradução livre) para diferenciar do conteúdo narrado por humanos.
Por enquanto, essa opção está disponível apenas em inglês, mas é provável ser expandida para mais idiomas futuramente.
Audiolivros em alta
A estratégia é uma tentativa da empresa de abocanhar um mercado lucrativo e cada vez mais popular do mercado de livros narrados.
As pessoas tem adotado esse modelo porque ele é mais versátil: pode ser escutado no caminho do trabalho, na fila do banco ou enquanto realiza tarefas rotineiras.
Para alguns, é muito mais prático do que arrumar um ambiente silencioso, com boa iluminação e com uma poltrona confortável para ler.
O mercado de audiolivros explodiu na década passada, mas segue em franco crescimento ano após ano.
As empresas de tecnologia demoraram para perceber esse potencial, mas agora a maioria delas já tem algo voltado para esse setor.
Estima-se que o mercado global pode movimentar cerca US$ 35 bilhões em vendas até 2030.
Há uma clara tentativa de rivalizar com a Amazon, proprietária da loja Kindle e do Audible, o maior serviço de audiolivros do mundo.
O Google também já tem uma IA capaz de fazer leituras de modo natural, então pode ser outro concorrente de peso.
Correndo por fora está o Spotify, que não produz os livros, mas tem uma fatia considerável do mercado de áudio graças às músicas e aos podcasts. O streaming musical já disse ter planos para levar 30 mil títulos narrados para os seus clientes. A empresa sueca precisou de suspender a venda de audiolivros no iPhone para “agradar” a Apple.
Apple na vanguarda dos livros lidos por IA
A Apple passou alguns meses atrás de editoras independentes para convencê-las a levar seus produtos para a sua loja virtual. Algumas entraram, outras recusaram, mas o projeto foi finalmente lançado com boa variedade de autores.
A IA de leitura da Apple não chega a surpreender, já que existem várias semelhantes espalhadas por aí, principalmente nas redes sociais.
Mesmo assim, é algo inovador do ponto de vista dos audiolivros, já que a leitura precisa de ser cadenciada, sem aquele tom robótico característico. Resta saber como o público vai reagir.
ZAP // Canaltech