Ativistas da organização feminista Femen perturbaram hoje, de seios nus, uma conferência do académico de estudos islâmicos Tariq Ramadan no âmbito do encontro anual dos muçulmanos em França, informaram ativistas e a organização.
Num vídeo enviado à agência France Presse pela Femen, vê-se uma mulher com uma ‘abaya’ (longa túnica usada pelas mulheres muçulmanas) aproximar-se de Tariq Ramadan, cuja conferência tinha como tema “O Islão político existe?”.
A alguns metros do académico, a jovem tira a túnica, mostrando o peito nu, e a ela juntam-se três outras ativistas, igualmente de tronco nu, que gritam “Alá não é um político”, antes de os seguranças do encontro as conduzirem à saída.
Num comunicado, a organização feminista, que realiza habitualmente este tipo de ações, explica ter protestado “contra a vinda de pregadores fundamentalistas a uma concentração visando politizar os muçulmanos de França sob a égide da Irmandade Muçulmana”.
“O nosso objetivo é opormo-nos às ambições políticas do Islão”, explicou à AFP Inna Shevchenko, porta-voz da Femen em Paris.
“Este é um não incidente“, comentou, por seu turno, Tariq Ramadan em declarações à AFP.
Professor de Estudos Islâmicos Contemporâneos na Universidade de Oxford, Ramadan é neto do fundador da Irmandade Muçulmana, o egípcio Hassan El-Banna.
Acusado pelos seus detratores de ter um discurso duplo e de promover em segredo um Islão político, o intelectual, de nacionalidade suíça e que deseja obter a nacionalidade francesa, afirma respeitar os “valores da República”.
Organizado anualmente pela União das Organizações Islâmicas de França, o encontro em Le Bourget, nos arredores de Paris, é a maior concentração anual muçulmana da Europa, com cerca de 50.000 participantes.
/Lusa