Insetos ancestrais semelhantes ao piolhos modernos parasitavam os dinossauros, alimentando-se das com suas penas, como evidenciado por um novo par de fósseis em âmbar.
Por vezes, os pássaros modernos são infestados por piolhos que mastigam e se alimentam das suas penas e, como mostra uma nova investigação publicada esta semana na revista científica Nature Communications, os seus antepassados mesozóicos também tiveram um problema semelhante.
O novo estudo, liderado por Dong Ren, paleontólogo na Universidade Capital Normal, na China, descreve um inseto semelhante ao piolho, anteriormente desconhecido, chamado Mesophthirus engeli, que viveu há 100 milhões de anos, durante o período cretáceo.
Foram encontrados dez desses indivíduos em dois pedaços de âmbar birmanês – e ambos continham penas danificadas. As penas parecem ter sido mastigadas pelos insetos. Esta evidência é considerada a evidência mais antiga da mastigação de penas no registo fóssil.
O inseto apresentava uma série de características consistentes com um parasita, incluindo um “corpo minúsculo sem asas”, uma cabeça com “peças bucais fortes para mastigar”, antenas grossas e curtas com cerdas longas (estruturas semelhantes a cabelos) e “Ppernas com apenas uma única garra do tarso associada a duas cerdas longas”, entre outras características.
O facto de os dinossauros terem sido atormentados por parasitas dificilmente é uma surpresa. Os dinossauros que viveram durante o Jurássico (201 a 145 milhões de anos atrás) e o Cretáceo (145 a 66 milhões de anos atrás) foram atingidos por pulgas sugadoras de sangue. Já os carrapatos parasitaram os dinossauros desde pelo menos o período Cretáceo.
A nova descoberta é diferente, uma vez que é o exemplo mais antigo de um inseto que mastiga penas. O registo anterior pertencia a Megamenopon rasnitsyni – um antigo fóssil de piolho de pássaro encontrado na Alemanha que remonta 44 milhões de anos ao período Eoceno, aproximadamente 22 milhões de anos, depois de dinossauros não aviários se terem extinguido.
A descoberta empurra o comportamento parasitário em mais 34 milhões de anos. “É muito raro e difícil encontrar estes primeiros insetos do tipo piolho em âmbar”, escreveu Chungkun Shih, co-autor do novo estudo e cientista do Museu Nacional de História Natural da Smithsonian Institution, em declarações ao Gizmodo.
De acordo com Shih, a descoberta é significativa, porque está a ajudar os paleontólogos a entender melhor o desenvolvimento evolutivo precoce das características físicas e comportamentos de alimentação das penas desses insetos.