Asteroide minúsculo detetado por acaso na Cintura de Asteroides

N. Bartmann (ESA/Webb), ESO/M. Kornmesser e S. Brunier, N. Risinger (skysurvey.org)

Impressão de artista que mostra um asteroide irregular, cinzento, contra um fundo escuro.

Foi detetado, por uma equipa internacional de astrónomos europeus utilizando o Telescópio Espacial James Webb da NASA/ESA/CSA, um asteroide previamente desconhecido que tem 100 a 200 metros — aproximadamente o tamanho do Coliseu de Roma.

O projeto científico utilizou dados de calibração do instrumento MIRI (Mid-InfraRed Instrument), no qual a equipa detetou por acaso um asteroide.

O objeto é provavelmente o mais pequeno observado até à data pelo Webb e pode ser um exemplo de um objeto com menos de 1 quilómetro de diâmetro da cintura principal de asteroides localizada entre Marte e Júpiter.

A descoberta foi apresentada num artigo publicado na Astronomy & Astrophysics.

São necessárias mais observações para melhor caracterizar a natureza e as propriedades deste objeto.

O Sistema Solar está repleto de asteroides e pequenos corpos rochosos – os astrónomos conhecem atualmente mais de 1,1 milhões destes remanescentes rochosos dos primeiros dias do Sistema Solar.

Espera-se que a capacidade do Telescópio Espacial James Webb da NASA/ESA/CSA em explorar estes objetos no infravermelho conduza a uma nova ciência inovadora, mas uma equipa de cientistas demonstrou que o Webb também tem uma aptidão imprevista em detetar, por acaso, objetos pequenos e previamente desconhecidos.

“Nós – inesperadamente – detetámos um pequeno asteroide em observações de calibração do MIRI, livremente disponíveis”, explicou Thomas Müller, astrónomo do Instituto Max Planck para Física Extraterrestre na Alemanha.

“As medições são algumas das primeiras medições MIRI que visaram o plano da eclíptica e o nosso trabalho sugere que muitos novos objetos serão detetados com este instrumento”.

As observações do Webb que revelaram este pequeno asteroide não foram originalmente concebidas para caçar novos asteroides – na realidade, eram imagens de calibração do asteroide (10920) 1998 BC1, na cintura principal, que os astrónomos descobriram em 1998.

Mas a equipa de calibração considerou-as como falhadas por razões técnicas devido ao brilho do alvo e a um erro de apontamento.

Apesar disto, os dados do asteroide 10920 foram utilizados pela equipa para estabelecer e testar uma nova técnica de restringir a órbita de um objeto e de estimar o seu tamanho.

A validade do método foi demonstrada para o asteroide 10920 utilizando as observações MIRI combinadas com dados de telescópios terrestres e da missão Gaia.

No decurso da análise dos dados MIRI, a equipa encontrou o novo asteroide, mais pequeno e anteriormente desconhecido, no mesmo campo de visão.

Os resultados da equipa sugerem que o objeto mede entre 100 e 200 metros — aproximadamente o tamanho do Coliseu de Roma — ocupa uma órbita de muito baixa inclinação e, à altura das observações do Webb, estava localizado na região interior da cintura principal.

“Os nossos resultados mostram que mesmo observações ‘falhadas’ do Webb podem ser cientificamente úteis, se se tiver a mentalidade certa e um pouco de sorte”, elaborou Müller.

“A nossa deteção encontra-se na cintura principal de asteroides, mas a incrível sensibilidade do Webb tornou possível ver este objeto com aproximadamente 100 metros a uma distância de mais de 100 milhões de quilómetros”, acrescentou.

A deteção deste asteroide – que a equipa suspeita ser o mais pequeno observado até à data pelo Webb e um dos mais pequenos detetados na cintura principal — teria, se confirmada como uma nova descoberta asteroidal, implicações importantes para a nossa compreensão da formação e evolução do Sistema Solar.

Os modelos atuais preveem a ocorrência de asteroides de tamanhos muito pequenos, mas os asteroides pequenos têm sido estudados com menos detalhe do que os seus irmãos maiores devido à dificuldade em observar estes objetos.

Observações Webb, dedicadas e futuras, vão permitir aos astrónomos estudar asteroides de tamanho inferior a 1 quilómetro, fornecendo os dados necessários para refinar os nossos modelos da formação do Sistema Solar.

Além disso, este resultado sugere que o Webb também poderá contribuir, felizmente, para a deteção de novos asteroides.

A equipa suspeita de que mesmo pequenas observações MIRI, próximas do plano do Sistema Solar, vão sempre incluir alguns asteroides, a maioria dos quais serão objetos desconhecidos.

A fim de confirmar que o objeto detetado é efetivamente um asteroide anteriormente desconhecido, são necessários mais dados de posição em relação a estrelas de fundo, a partir de estudos de acompanhamento que visam restringir a órbita do objeto.

“Este é um resultado fantástico que realça as capacidades do MIRI em detetar, por acaso, objetos pequenos na cintura principal de asteroides”, concluiu Bryan Holler, cientista de apoio do Webb no STScI (Space Telescope Science Institute) em Baltimore, EUA.

“Repetições destas observações estão em vias de ser agendadas e esperamos plenamente novos ‘intrusos’ asteroidais nessas imagens!”

// CCVAlg

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