É oficial: Assunção Cristas acaba de ser eleita como nova presidente do CDS-PP. No entanto, o grupo encabeçado por Filipe Lobo d’Ávila conseguiu 23,8% dos votos e 16 lugares no Conselho Nacional do partido.
Assunção Cristas, única candidata à liderança do partido, obteve 95,59% dos votos para a Comissão Política Nacional e subiu este domingo ao púlpito como nova presidente do CDS perante um Pavilhão Multiusos Gondomar em apoteose, após o presidente da Mesa do Congresso, Luís Queiró, ter anunciado os resultados das votações para os órgãos nacionais dos centristas.
Ao Conselho Nacional concorreram duas listas. O Diário de Notícias escreve que a lista encabeçada pelo porta-voz do CDS-PP Filipe Lobo d’Ávila, alternativa à apresentada por Assunção Cristas, obteve 288 votos – 23,8% – conquistando 16 assentos no órgão máximo do CDS entre congressos.
A lista de Assunção Cristas, que teve como primeiro nome António Lobo Xavier, conseguiu 942 votos (correspondentes a 75,48% e 54 lugares)
O deputado centrista considerou que o resultado traduz “um sinal de vitalidade do partido”. “Agradeço a todos os militantes que votaram e, em particular, aos 288 que votaram na nossa lista”, concluiu, citado pelo DN.
O jornal refere que o resultado da lista de Filipe Lobo d’Ávila – que inclui presidentes de distrais e concelhias do partido, o presidente da Câmara de Albergaria e deputados – foi bastante superior ao obtido pela corrente de oposição a Paulo Portas liderada por Filipe Anacoreta Correia há dois anos, no congresso centrista em Oliveira do Bairro (Aveiro).
O Movimento Alternativa e Responsabilidade registou, na altura, os votos de 170 congressistas – o equivalente a 16% da reunião magna e conquistou 12 lugares no Conselho Nacional.
A lista de Assunção Cristas conta com Nuno Melo no cargo de vice-presidente, assim como Cecília Meireles, o ex-secretário de Estado Adolfo Mesquita Nunes e Nuno Magalhães, líder parlamentar do partido. João Almeida será o porta-voz, e Pedro Morais Soares assume o papel de secretário-geral.
Propostas de reforma
A consagração de Assunção Cristas como a sétima líder do partido – e a primeira mulher nesse cargo – põe fim a um ciclo de 16 anos da mais longa presidência centrista, protagonizada por Paulo Portas.
No discurso de encerramento do Congresso do CDS-PP, Assunção Cristas abandonou o registo pessoal, que tinha marcado a sua intervenção principal no primeiro dia do congresso, em Gondomar, Porto, e avançou com algumas propostas para serem estudadas pelo partido, entre as quais uma reforma na Segurança Social, para a qual deixou um desafio ao PS para participar, e a revisão da regulação do sistema financeiro, incluindo a forma de nomeação do governador do Banco de Portugal.
De acordo com o Público, Assunção Cristas prometeu estudar ainda a forma de alargamento da ADSE a “todos os portugueses que queiram aderir”, deixando de ser exclusiva dos funcionários públicos.
Outra das prioridades é a “revisão” do regime laboral de direitos entre o setor público e privado, afirmando que “há dois países” quando uns trabalham 40 horas e outros 35. A nova líder propôs ainda que sejam identificados os obstáculos à criação e ao desenvolvimento das empresas.
As autárquicas, que tinham ficado de fora da sua moção, mereceram um destaque especial, com a nova líder a anunciar que irá propor aos órgãos do partido a renovação do apoio a Rui Moreira, caso este se recandidate à Câmara do Porto, e uma candidatura “forte e ambiciosa” à capital, na tradição de Nuno Krus Abecasis.
Depois de um recorde de coligações com o PSD em autarquias nas últimas eleições, Assunção Cristas não quer aplicar uma “receita única” para todos os concelhos nas eleições autárquicas de 2017, mas apenas dar uma orientação geral. As que “estão a correr bem”, como Aveiro e Cascais, serão para manter.
No discurso, Assunção Cristas escolheu referir-se, por várias vezes, à sua família, à sua condição de mãe e até à sua fé católica, assumindo, no entanto, abertura para outras vivências familiares diferentes da sua.
ZAP
Que não dê o dito por não dito, como o anterior.