A National Rifle Association (Associação Nacional de Armas) dos Estados Unidos tem estado a editar artigos da Wikipédia de forma a desacreditar o Holocausto.
Um trabalho de investigação da Splinter identificou pelo menos 150 edições em artigos da Wikipédia cujos endereços IP remetem para a sede da NRA, no estado norte-americano da Virgínia. Segundo o Boing Boing, não se sabe, porém, se estes foram atos por ordem superior ou se foi um mero funcionário administrativo que agiu de livre vontade.
Em causa estão edições em artigos como, por exemplo, a página da “Negação do Holocausto”, cuja gramática foi alterada. Importante lembrar que a Wikipédia permite que qualquer utilizador altere a informação das suas páginas.
Dentro deste artigo em específico, é dito por exemplo que a Alemanha nunca quis guerra e que uma suposta chacina de judeus foi simplesmente usada como propaganda para terem uma desculpa para um conflito militar.
A investigação da Splinter concluiu que, em menos de uma década, pelo menos 150 edições como estas foram feitas a partir do mesmo endereço de IP da sede da Associação Nacional de Armas, localizada em Fairfax, na Virgínia. Mais de metade delas foram feitas durante o horário de trabalho.
Sem excluir a hipótese de que as alterações tenham sido feitas por visitantes, algumas das edições feitas incluem material promocional da NRA disfarçado de factos. No ano passado, um moderador da Wikipédia detetou um editor que acreditava ser o diretor de comunicação da associação norte-americana há pelo menos dez anos.
Também foram detetadas mudanças na página sobre “Deficiência”, no qual foi acrescentada uma ligação para um artigo da Shooting Illustrated sobre as “estatísticas chocantes” da frequência com que pessoas com deficiência são vítimas de crimes violentos. Esta tem sido uma longa batalha da NRA para reforçar o uso de armas para autodefesa.
Em 2013, quando se falava muito deste assunto após o americano George Zimmerman ter sido absolvido de acusações de homicídio, o utilizador da Wikipédia “SkippG” criou uma página chamada “Brown vs. Estados Unidos” — um caso de 1921 que estabeleceu o precedente para matar alguém em legítima defesa. Por coincidência, um homem chamado Skipp Galythly é assessor jurídico na NRA há mais de 20 anos.