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Assobios, vaias e lenços brancos. Sporting cai desamparado frente a um inesperado líder

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Entre assobios, vaias, lenços brancos — e uma tentativa dos adeptos de forçar a entrada na garagem do estádio —, o Sporting caiu com estrondo em mais um fracasso de Leonel Pontes.

À sexta jornada do campeonato ninguém imaginaria que fosse o Famalicão a liderar o campeonato português. Os recém-promovidos estão a protagonizar uma campanha excecional e, na noite desta segunda-feira, provaram que não é por acaso que estão no primeiro lugar. Os famalicenses derrotaram o Sporting em Alvalade por 1-2.

E se por um lado temos uma equipa em ascensão, a viver o sonho, do outro lado temos uma equipa que não parece encontrar explicação para o que está a acontecer. Com seis partidas realizadas para o campeonato, o Sporting soma oito pontos — metade dos pontos do Famalicão.

O jogo entre Sporting CP e Famalicão colocava frente-a-frente duas equipas em momentos de forma muitos distintos. Para os sportinguistas era importante ganhar para reagir a um mau momento de forma e aliviar os adeptos mais preocupados. Já o Famalicão ia a Alvalade em expectativa, sem saber se deveria ansiar por uma vitória ousada ou lutar para tentar, pelo menos, “sacar” um ponto.

A verdade é que a atitude do emblema bracarense foi categórica. Olharam o “leão” nos olhos, agarraram-no pela juba e tentaram ao máximo domesticá-lo. Não foi fácil, já que Vietto decidiu colocar a bola onde a coruja dorme e deixar o Sporting na frente do marcador.

O esforço foi, no entanto, insuficiente. Um golo de Rúben Lameiras e (mais) um auto-golo de Coates deram a vitória ao clube sensação desta temporada. O desaire verde e branco veio agravar uma crise que já há muito dura no Sporting.

Leonel Pontes questionado

A SAD leonina está, esta manhã, reunida com carácter de urgência no Estádio de Alvalade para decidir o futuro de Leonel Pontes, avançou o jornal Record.

Desde a chegada de Leonel Pontes ao comando técnico do clube para substituir Keizer, que o Sporting ainda não sabe o que é ganhar. O emblema de Alvalade empatou no Bessa, frente ao Boavista, foi perder a Eindhoven com o PSV e, desta feita, deixou-se surpreender em casa frente ao Famalicão.

Uma das suas decisões mais contestadas sucedeu neste último encontro. Depois de marcar um golo de fazer levantar o estádio na primeira parte, Vietto foi substituído aos 63 minutos do encontro para dar lugar a Jovane Cabral. O argentino nem esbracejou e barafustou, mas pouco adiantou.

O jogador mostrou-se claramente surpreendido pela substituição repentina. A sua contestação foi quase um presságio para o que veio acontecer: Jovane Cabral não conseguiu imprimir velocidade no jogo e foi anulado pela defesa famalicense.

“Vinha de lesão e tivemos receio de que sofresse uma quebra. Fizemos a alteração para proteger o jogador e colocámos o Jovane Cabral que nos deu profundidade. No entanto, a substituição não surtiu o efeito desejado. Afetou toda a equipa, a equipa descontrolou-se emocionalmente. Foi uma diferença demasiado grande entre as duas partes”, reconheceu Leonel Pontes no final da partida, fazendo o “mea culpa”.

O treinador interino do Sporting ficou mal visto pelos adeptos e adivinha-se uma troca no leme sportinguista num futuro próximo. Octávio Machado, comentador da CMTV, já admitiu duvidar que Leonel Pontes esteja sentado no banco no próximo jogo de quinta-feira e disse que o próximo sucessor poderá ser Pedro Caixinha. “Estava no México e tinha convites. Não me admiraria nada que viesse para o Sporting”, disse.

Colocou-se ainda em hipótese Leonardo Jardim, atual treinador do Mónaco, que está longe de estar a fazer uma época tranquila no principado. Em seis jogos para o campeonato, o Mónaco tem três empates e três derrotas, ocupando o penúltimo lugar da Ligue 1.

Claques tentaram forçar entrada nas garagens

No final do jogo, após a derrota, alguns membros das claques do Sporting forçaram a entrada nas garagens de Alvalade. Segundo o Record, a polícia foi obrigada a intervir, afastando uma possível invasão da zona interdita do estádio.

Os adeptos que se concentravam na garagem iam gritando em uníssono: “Varandas, pede a demissão!”. Mais do que descontentes com o treinador, alguns adeptos leoninos parecem estar insatisfeitos com a direção de Frederico Varandas, o presidente do clube.

Ainda esta segunda-feira, um grupo de acionistas do Sporting fez chegar ao presidente da Mesa da Assembleia Geral da Sporting SAD, Bernardo Ayala, um pedido em que exige a retirada da proposta de aumento salarial para o presidente e administradores da sociedade leonina.

De acordo com as contas do grupo, “o ordenado do presidente pode passar de 188 mil para 273 mil euros e dos administradores de 139 mil para 196 mil euros”.

A contestação à derrota e ao estado da equipa começou ainda dentro do estádio, principalmente quando o Famalicão consumou a reviravolta no encontro. No apito final, enquanto os jogadores saíam cabisbaixos do campo, os adeptos vaiavam e acenavam lenços brancos.

“Tive de me concentrar no jogo e fazer o que um treinador tem de fazer. Tentar abstrai-me do que estava à volta, mas às vezes não é fácil”, disse o treinador sportinguista, citado pelo jornal O Jogo.

Coates com pouca sorte

Sebastián Coates tem sido nos últimos anos uma das principais peças do xadrez defensivo do Sporting. Contudo, neste início de temporada, o central leonino atravessa um mau momento de forma, que é acompanhado também por uma pitada de falta de sorte.

Com a partida empatada e aproximar-se da marca dos 90 minutos, o Famalicão partiu para um contra-ataque rapidíssimo. Diogo Gonçalves cruzou a bola rasteira e, numa tentativa de cortar o esférico, Coates acabou por introduzir a bola na própria baliza. O problema é que este não é um caso isolado do uruguaio.

Ainda no último jogo da Liga Europa, frente ao PSV, o jogador marcou um auto-golo aos 25 minutos de jogo, que acabaria por se revelar decisivo para a derrota do clube lisboeta. E já frente ao Rio Ave, na derrota por 2-3, cometeu três grandes penalidades e acabou expulso.

“É difícil controlar. São demasiados erros individuais que penalizam a equipa e o clube. Mas pior do que toda a gente deve estar o jogador. Alguma coisa tem de mudar, não pode ter tanto azar na vida. É preciso haver mudanças para que o jogador estabilize emocionalmente”, comentou Pontes sobre a exibição de Coates.

DC, ZAP //

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5 Comments

  1. Pedro Caixinha poderá ser uma solução mas, em Portugal, nunca fez nenhum trabalho de elevado valor. Para mim o treinador devia ser Daniel Ramos. Tem o perfil adequado para o Sporting: é um treinador competente, é próximo dos jogadores, dos adeptos. Sabe potenciar os jovens jogadores e lançá-los na altura certa (vejam-se quantos jogadores lançou no Marítimo nos dois anos que lá esteve e sem comprometer os resultados). É um treinador que vem em sentido ascendente (ao contrário do Caixinha), portanto, quererá mostrar a sua competência. É um treinador que põe as equipas a jogar um futebol de ataque sem comprometer a consistência defensiva (algo que o Sporting precisa de melhorar MUITO). Para mim a escolha seria o Daniel Ramos, num projeto de 3 épocas para termos um Sporting competitivo, consistente e ganhador.

  2. Epá, isto era fechar o Sporting e fazer daquele bonito espaço uma extensão do jardim do campo grande…
    Podiam também fechar o resto dos clubes… era um favor que faziam ao mundo!

  3. Numa altura de séria crise do seu futebol profissional, sem dinheiro para adquirir jogadores, propor o aumento do já elevado vencimento do Presidente e Administração é de total falta de sensibilidade e bom senso. Ou são os próprios a retirar a proposta ou os sócios devem pedir reunião extraordinária, exigir a sua demissão e convocar novamente eleições. A escola do Sporting tem ao longo dos anos demonstrado ser de elevado valor, criando verdadeiras estrelas, e é por aí que o Sporting deverá continuar promovendo jovens ao escalão principal. O treinador a recrutar terá de ser alguém combatente, de ataque, português; o seu salário deverá incluir prémio de jogo face aos resultados conseguidos. Sem resultados o vencimento não deveria ultrapassar um vencimento médio de 5 000 euros.

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