Astrónomos detetam, pela primeira vez, a assinatura do campo magnético de um exoplaneta

(dr) Denis Bajram

HAT-P-11b

Cientistas identificaram a primeira assinatura de um campo magnético à volta de um planeta fora do Sistema Solar.

Neste caso, a equipa de cientistas usou o telescópio espacial Hubble para observar o exoplaneta HAT-P-11b, um planeta do tamanho de Neptuno a 123 anos-luz da Terra, a passar diretamente pela sua estrela hospedeira seis vezes naquilo que é conhecido como “trânsito”.

O Hubble detetou iões de carbono – partículas carregadas que interagem com campos magnéticos – à volta do planeta na chamada magnetosfera. A magnetosfera é uma região à volta de um objeto celeste (como a Terra) que é formada pela interação do objeto com o vento solar emitido pela sua estrela hospedeira.

Esta é a primeira vez que a assinatura do campo magnético de um exoplaneta foi detetada diretamente num planeta fora do nosso Sistema Solar”, disse, em comunicado, Gilda Ballester, do Laboratório Lunar e Planetário da Universidade do Arizona e uma das autoras da pesquisa.

“Um forte campo magnético num planeta como a Terra pode proteger as suas atmosfera e superfície do bombardeamento direto das partículas energéticas que compõem o vento solar. Estes processos afetam em grande medida a evolução da vida num planeta como o nosso porque o campo magnético protege os organismos dessas partículas energéticas”, acrescentou.

A descoberta da magnetosfera do HAT-P-11b é um passo significativo em direção a uma melhor compreensão da habitabilidade de um exoplaneta. Nem todos os planetas e luas do Sistema Solar têm os seus próprios campos magnéticos, portanto, a conexão entre os campos magnéticos e a habitabilidade de um planeta é uma coisa que ainda precisa de mais estudos, dizem os investigadores.

“O HAT-P-11b provou ser um alvo muito empolgante, porque as observações do Hubble revelaram uma magnetosfera, vista tanto como um componente iónico estendido à volta do planeta como uma longa cauda de iões que escapam”, disse Ballester, acrescentando que este método pode ser usado para detetar magnetosferas noutros exoplanetas e assim avaliar o seu papel na sua potencial habitabilidade.

Depois desta descoberta, os cientistas usaram simulações de computador 3D para modelar as interações entre as regiões atmosféricas superiores do planeta e o campo magnético com o vento solar.

“Tal como o campo magnético da Terra e o seu ambiente espacial interagem com o vento solar, que consiste em partículas carregadas que viajam a cerca de 900 mil mph, existem interações entre o campo magnético do HAT-P-11b e o seu ambiente espacial com o vento solar da sua estrela hospedeira”, explicou.

A física nas magnetosferas da Terra e do HAT-P-11b é a mesma, no entanto, a proximidade do exoplaneta da sua estrela – apenas um vigésimo da distância da Terra ao Sol – faz com que a sua atmosfera superior aqueça e essencialmente “ferva” para o Espaço, resultando na formação da tal cauda magnética.

O estudo foi publicado, a 16 de dezembro, na revista científica Nature Astronomy.

ZAP //

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