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As pegadas que podem reescrever a história do Homem foram roubadas

(dr) Andrzej Boczarowski

As pegadas, encontradas em Trachilos, Creta, são atribuídas a um antepassado do Homem que terá vivido há 5.7 milhões de anos

As misteriosas pegadas fossilizadas, com quase seis milhões de anos, descobertas na ilha de Creta, na Grécia, e que podem reescrever a história da evolução da Humanidade, foram roubadas a semana passada. As autoridades conseguiram entretanto recuperá-las, e prenderam um suspeito.

As pegadas com 5,7 milhões de anos encontradas em Trajilos, na parte ocidental da ilha de Creta, pertencem a um hominídeo ancestral dos humanos modernos, e são apontadas como um achado que pode desafiar a teoria da evolução humana, uma vez que podem provar que o berço da humanidade não foi, afinal, África.

Na passada quarta-feira, 10 das cercas de 40 pegadas fossilizadas foram roubadas do sítio arqueológico de Kissamos. Os fósseis foram “cortados e removidos”, revela a agência de notícias grega ANA.

As autoridades conseguiram, contudo, identificar rapidamente um suspeito, um homem de 55 anos, que foi detido, e os fósseis roubados já foram todos localizados nas zonas de Kissamos e de Thessaloniki, mas a polícia grega continua a investigar o caso.

O roubo despoletou grande revolta e muita preocupação na Grécia, tendo mesmo o Museu de História Natural de Creta apelado às autoridades do país que tomassem “acções imediatas para proteger o local e os fósseis de possíveis acções destrutivas semelhantes”, conforme cita a ANA.

No mesmo comunicado, o Museu grego critica duramente os responsáveis pelo furto, considerando que “envergonham” a Grécia. A entidade também lembra que os fósseis foram medidos e registados graças a técnicas de laser, e que, portanto, seria “impossível” tentar vendê-los sem que isso fosse detectado.

(dr) ANA-MPA

Os fósseis de Kissamos foram medidos e registados graças a técnicas de laser

“Dano irreparável”

Mas apesar da recuperação dos fósseis, “o dano é irreparável“, como refere o professor de Ciências Geográficas e do Ambiente, Matthew Robert Bennett, da Universidade de Bournemouth, no Reino Unido, num artigo no site The Conversation.

Bennett diz que está em causa um acto semelhante a roubar um dos blocos do monumento de Stonehenge ou a Grande Esfinge de Gizé, e lamenta que este tipo de eventos “devastadores” tem ocorrido em vários locais arqueológicos, nos últimos tempos.

Em Portugal, temos o exemplo das pinturas rupestres de Foz Côa que foram alvo de um atentado de vandalismo, com um ciclista a desenhar uma bicicleta ao lado do pré-histórico “Homem de Piscos”.

O grande desafio é saber como poderemos preservar este tipo de vestígios históricos. “A única opção é escavar e registá-los digitalmente em 3D“, considera Bennett, que realça que com um scanner de laser ou, simplesmente, com uma câmara digital no terreno, se pode completar o processo.

SV, ZAP //

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