Nas “lojas dos 300”, o barato vai passar a sair caro (literalmente)

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pbase / SXC

Prevê-se que um novo mecanismo de compensação de carbono sobre vários produtos importados fora da União Europeia (UE) venha despoletar a subida dos preços. Lojas como as “dos 300” poderão deixar de ser tão baratas.

O mecanismo que vai obrigar empresas a pagarem uma taxa de carbono equivalente à suportada pelos produtores europeus deverá traduzir-se num aumento do preço de produtos como o cimento, alumínio, fertilizantes, ferro e aço.

Em causa está o Mecanismo de Ajustamento Carbónico Fronteiriço (CBAM na sigla em inglês), que obriga as empresas a fazerem reportes trimestrais dos materiais importados, semelhante ao preço do carbono do Sistema de Comércio de Emissões da UE (ETS) quando esses produtos são produzidos num país da UE.

Sujeitar a importação de determinados grupos de produtos produzidos em países terceiros a uma taxa de carbono é um dos principais objetivos desta “taxa”, como referiram à Lusa Afonso Arnaldo e Paula Galicchio, da consultora Deloitte.

O que se pretende, sublinha Afonso Arnaldo, é fazer com que os bens que são importados de um país de fora da UE estejam em “pé de igualdade” no que diz respeito ao custo ambiental, sujeitando-os a um mecanismo de compensação no momento, através do pagamento de uma taxa de carbono, sempre que esse custo ambiental não tenha sido suportado na origem.

Os preços do carbono pago no país de origem é, por isso, uma das informações que terá de constar nos referidos reportes trimestrais sobre os produtos importados, a par das emissões “incorporadas” nos produtos importados.

Entre os produtos em causa estão também a eletricidade e o hidrogénio.

Medida não entra já em vigor

No entanto, no primeiro reporte às autoridades europeias (que teve de ser entregue até ao final de fevereiro) dos produtos impactados pelo CBAM e nos que estão previstos para abril e julho os importadores não têm ainda de indicar dados das emissões de carbono.

Posteriormente, refere Paula Galicchio, os importadores já terão de reportar os dados das emissões de carbono, obrigação que se manterá durante todo o período transitório, que decorre até 31 de dezembro de 2025.

De acordo com o calendário estabelecido, só as importações a partir de 2026 começam a ser sujeitas ao pagamento da referida compensação.

Nessa altura, é de esperar que tal se reflita nos preços das mercadorias porque o mecanismo de compensação vai “colocar em pé de igualdades os custos e os termos da produção”, diz Paula Galicchio.

Também Afonso Arnaldo, que lidera a equipa da Deloitte dedicada ao CBAM, admite que nessa altura poderá acontecer que produtos importados – cujo preço é hoje mais barato do que os produzidos na Europa – possam ficar mais caros.

ZAP // Lusa

5 Comments

  1. Como a Europa não consegue sair da “ensarilhada” em que se meteu com todas as leis e regulamentos, vai arranjar maneira de tramar os outro… o vences os outros ou fazes os outro perder… e o ocidente vai se enterrando gradualmente no buraco que cava… dia a dia…

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  2. Sem nexo o carbono é o alimento das plantas vivemos na loucura,pois condições laborais não interessa o que interessa é se produzir ou não carbono sem nexo o imposto numa sociedade de consumo independente a destruição é alvo de taxa mas não de uma luta real pela reciclagem logo isto é simplesmente uma forma de deixar todos mais pobres.

  3. Pro avelmente a palavra escrita no artigo ‘despoletar deve querer men ionar ‘espoletar’, uma vez que despoletar significa não desencadear.
    É comum ver este erro na escrita.
    Despoletar significa retirar a escolta, esendo este o lemento que dá início à uma sequência .em cadeia.

    • Caro leitor,
      Obrigado pelo reparo.
      O termo “despoletar” tem vários significados, e está correto no contexto em que é usado neste artigo.
      No contexto militar significa “desarmar”.
      Noutros contextos, em português de Portugal, significa “fazer surgir” ou “desencadear”.

      1. Desarmar a espoleta ou o detonador, impedindo a explosão (ex.: despoletar uma granada). ≠ ESPOLETAR
      2. [Figurado] Retirar aquilo que permite uma acção (ex.: despoletar um movimento de contestação). = ANULAR, TRAVAR
      3. [Portugal] Fazer surgir (ex.: o artigo despoletou reacções violentas)
      despoletar“, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa

      Poderá ainda consultar no FLIP informação acerca do seu uso:
      despoletar [Definição]

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