Num fenómeno notável observado por investigadores da Universidade Johannes Gutenberg Mainz, na Alemanha, formigas infectadas com a ténia Anomotaenia brevis vivem significativamente mais do que as não infectadas — frequentemente, até três vezes ou mais.
Formigas infectadas com uma ténia vivem várias vezes mais tempo do que o habitual.
Não está claro como este parasita prolonga a vida do seu hospedeiro, mas um cocktail de proteínas que a ténia liberta pode fornecer algumas pistas.
Habitualmente, nota a New Scientist, os hospedeiros principais da ténia são tipos específicos de pica-paus.
Quando formigas da espécie Temnothorax nylanderi transportam fezes destes pica-paus, que contenham ovos de ténia, para o seu ninho para alimentar as larvas, as ténias eclodem e desenvolvem-se dentro das larvas.
Esta infeção causa uma mudança drástica no comportamento das formigas.
Num estudo recente, uma equipa de investigadores descobriu que a ténia liberta uma enorme quantidade de proteínas diferentes — nada menos do que 264 — nos corpos das formigas.
O propósito destas proteínas permanece desconhecido, embora algumas, como a superóxido dismutase e a tioredoxina peroxidase, sejam antioxidantes.
No entanto, a teoria de que esses antioxidantes poderiam contribuir para a longevidade estendida das formigas não está confirmada.
As formigas operárias infectadas não saem à procura de comida; em vez disso, permanecem dentro do ninho, onde as formigas não infectadas cuidam delas.
Consequentemente, as formigas infectadas vivem mais de três anos, ao contrário da média de vida de cerca de um ano para formigas não infectadas.
“Esta é uma estratégia muito interessante para as formigas infetadas”, explica Juliane Hartke, investigadora da Johannes Gutenberg University Mainz, Germany e co-autora do estudo, pré-publicado na bioRxiv. “Elas não precisam de fazer nada, e continuam a ser alimentadas. Mas a colónia, no seu todo, é que sofre“.
Curiosamente, a longevidade estendida das formigas infectadas serve para beneficiar o ciclo de vida do parasita.
Mesmo que passem vários anos até que um pica-pau se depare com um ninho de formigas infectadas, este ainda pode tornar-se hospedeiro para o parasita — se ingerir uma formiga infectada.
