A nova investigação sugere que a cafeína aumenta a capacidade de aprendizagem das formigas.
As formigas que beberam uma solução com cafeína conseguiram encontrar recompensas doces mais rapidamente do que as formigas sem reforço.
Estes resultados, relatados pela New Scientist, sugerem que a cafeína aumenta a capacidade de aprendizagem destes animais.
“Avaliamos uma série de medidas sobre o seu percurso e a rapidez com que encontraram a fonte de alimento para avaliar se a cafeína está realmente a melhorar a sua aprendizagem”, disse Henrique Galante, da Universidade de Regensburg, na Alemanha.
Para observar como as formigas argentinas (Linepithema humile) respondem à cafeína, os cientistas criaram uma mini arena numa folha de papel em laboratório. Depois, colocaram uma gota de solução açucarada para as formigas encontrarem, sendo que algumas não continham cafeína.
As formigas que receberam doses baixas ou moderadas de cafeína seguiram um caminho mais direto para a recompensa em cada tentativa, o que sugere que se lembraram com sucesso da localização da recompensa. Já as formigas sem cafeína seguiram caminhos mais sinuosos que não melhoraram com o tempo.
“Descobrimos que doses intermédias de cafeína potenciam a aprendizagem. Quando lhes damos um pouco de cafeína, isso leva-as a ter caminhos mais retos e a conseguir alcançar a recompensa mais rapidamente”, destacou Galante.
O investigador enfatizou ainda que não se trata de fazer com que as formigas se movam mais rápido, mas de forma mais eficiente: a cafeína não teve impacto no ritmo das formigas, mas reduziu as voltas que davam para chegarem até lá.
A equipa espera que estas conclusões ajudem a controlar as formigas argentinas, uma espécie classificada como praga por invadir espaços e atacar substâncias doces como carnes, pães e frutas e por prejudicar plantas, uma vez que ingerem a secreção da vegetação.
Os esforços de controlo destas formigas, que se focam na utilização de iscos venenosos, têm-se revelado ineficazes, muito provavelmente devido à baixa absorção e abandono dos iscos.
Foi exatamente por isso que os investigadores quiseram testar se a utilização de cafeína, que demonstrou melhorar a aprendizagem das abelhas e dos abelhões, poderia reforçar a capacidade das formigas para aprenderem a localização do isco e guiarem os seus companheiros de ninho até lá.
“Estamos a tentar fazer com que elas consigam encontrar melhor estes iscos, porque quanto mais depressa forem e voltarem, quanto mais trilhos de feromonas colocarem, mais formigas virão e, portanto, mais depressa espalharão o veneno na colónia antes de se aperceberem que é veneno”, explicou Galante.
O artigo científico foi publicado na iScience.