As condições da esquerda para uma Geringonça 2.0

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Miguel A. Lopes / Lusa

O socialista Pedro Nuno Santos

O Bloco de Esquerda (BE) e o Partido Comunista Português (PCP) concordam que ainda é cedo para se falar em “Geringonça 2.0”. No entanto, caso o Partido Socialista (PS) apresente “medidas exigentes e para o futuro”, a fim de resolver os problemas dos portugueses – salários, habitação, saúde, educação – “agravados pelo Governo cessante”, poderá haver acordo entre os partidos.

Um dos principais obreiros da “Geringonça”, em 2015, é agora um dos candidatos ao trono de António Costa e, se lá chegar, poder vir mesmo a “armar” uma “Geringonça 2.0”.

As sondagens mais recentes das eleições internas do Partido Socialista (PS) põem Pedro Nuno Santos à frente de José Luís Carneiro.

Por enquanto, é só especulação, mas, caso Pedro Nuno vença Carneiro e depois – a 10 de março, nas legislativas – Luís Montenegro, o caminho para uma “Geringonça 2.0” pode estar aberto… mas “só com medidas exigentes e para o futuro”.

Joana Mortágua admitiu, no domingo, que quer ser parte determinante da solução para os problemas do país. A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) disse que o primeiro objetivo do partido é derrotar a direita.

A par do objetivo supramencionado, Mortágua referiu que o partido quer “ter uma palavra a dizer no pós-eleições, que determine as políticas que irão para a frente em Portugal”, em particular nos salários, habitação, saúde e educação.

“O caminho do pós-eleições é um caminho que ou é capaz de dizer a alguém, que agora não consegue encontrar uma casa, que vai poder encontrá-la, (…) ou que diz às pessoas que estão a receber o salário mínimo que têm um horizonte de futuro”, disse a bloquista.

Medidas concretas e para o futuro

No PCP, as lutas são as mesmas e uma eventual “Geringonça 2.0” dependerá da forma como o partido conseguir influenciar – a bem dos seus ideais e daquilo que julgam ser melhor para os portugueses – o PS.

“O que vier a acontecer depende dos resultados (…) Se tivermos mais força, mais capacidade de influência, haverá uma perspetiva de poder haver resposta ao aumento de salários, à perda de poder de compra, à medidas de salvação do SNS”, disse o comunista João Oliveira ao Observador.

O PCP quer propostas concretas e duradouras, para a saúde e habitação, disse Bernardino Soares, na CNN Portugal.

Quanto à ideia de “Geringonça”, o dirigente comunista enalteceu que a “1.0” teve o “Governo com menos casos, com mais medidas, e que apesar de tudo, com todas as insuficiências do posicionamento do PS, recuperou coisas positivas para os portugueses”.

Mas, o que quer que venha a acontecer no dia 10 de março, num ponto (pelo menos) todos os comunistas concordam: o importante será ter um PCP tão “reforçado”, como há oito anos.

Geringonça “já foi remédio”

Em 2015, a Geringonça foi criada para fazer esquecer Pedro Passos Coelhos e os anos da troika.

Além disso, Francisco Louçã lembrou, num artigo no Expresso, que, na altura, “a geringonça foi também o remédio que protegeu o país da bolha autoritária que é uma maioria absoluta” – que acabou, agora, por fazer mossa ao país.

O histórico do Bloco sublinhou que os desafios do presente são muito diferentes dos do passado. A paz, pão, habitação, saúde, educação – “agravados pelo Governo cessante” – são agora os problemas centrais e só o foco neles dará sentido a uma nova (mas diferente) “Geringonça”.

Francisco Louçã diz que um eventual acordo terá de contemplar soluções mais profundas e detalhadas do que nunca: “Só vencerá a direita uma esquerda que seja mais exigente do que nunca“.

Miguel Esteves, ZAP //

6 Comments

  1. o mundo está perdido!
    este individuo que não sabe governar um ministerio nem negociar um dossier como a TAP é o favorito dentro do partido????
    o PCP e o Bloco a dizer presente a uma hipotese de ir para o governo com este individuo???
    depois admiram-se que a malta vote em partidos extremistas…
    deviam sair todos de cena e dar lugar a novo sangue mas sem ligaçoes familiares. São todos filhos de militantes maridos e mulheres de FP.

  2. Se puder fazer uma geringonça ele vai fazer. Mas pelo menos que seja mais honesto que o aldrabão do Kosta.
    Assim as pessoas já não vão ao engano. Se votarem neste maluco já sabem o que as espera.
    O aldrabão espanhol até é parecido com ele embora em comportamento seja bastante pior.

  3. Esta garotada radical que tem levado o país ao chafurdo, já está a levantar a crista outra vez. Na Argentina já estavam fartos de miséria e estão à procura de outra via. Tenhamos juízo ou então continuaremos a penar, na cauda da Europa.

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